ATA DA CENTÉSIMA SESSÃO
ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA
LEGISLATURA, EM 25.11.1998.
Aos vinte e cinco dias do
mês de novembro do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no
Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto
Alegre. Às quatorze horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos
Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Clênia Maranhão,
Elói Guimarães, Fernando Záchia, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Dib,
Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Reginaldo
Pujol, Renato Guimarães e Cyro Martini. Ainda, durante a Sessão, compareceram
os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Clovis Ilgenfritz, Décio
Schauren, Eliseu Sabino, Gerson Almeida, Henrique Fontana, João Carlos Nedel,
João Motta, Luiz Braz, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas e Sônia Santos.
Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas
da Nonagésima Oitava Sessão Ordinária e da Quadragésima Segunda Sessão Solene
que, juntamente com a Ata da Nonagésima Sétima Sessão Ordinária, deixaram de
ser votadas face à inexistência de “quorum” deliberativo. À MESA foram encaminhados:
pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, o Pedido de Informações nº 140/98
(Processo nº 3266/98); pelo Vereador João Carlos Nedel, 01 Pedido de
Providências; pelo Vereador João Dib, 04 Pedidos de Providências e os Pedidos
de Informações nºs 138 e 139/98 (Processos nºs 3260 e 3261/98, respectivamente);
pelo Vereador Jocelin Azambuja, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Pedro
Ruas, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 19/98 (Processo nº
3241/98). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 471/98, do Senhor José Fortunati,
Prefeito Municipal de Porto Alegre; 103/98, do Senhor Francisco de Paula Souza
da Silva, Presidente da Associação dos Comissários de Polícia - ACP; 2436/98,
do Senhor Gilberto Chiapinotto, Superintendente de Negócios da Caixa Econômica
Federal - CEF. A seguir, o Senhor Secretário informou que, em função do término
da licença da Vereadora Sônia Santos, o Vereador Jocelin Azambuja, primeiro
Suplente pela Bancada do PTB, assumirá a vereança no dia de hoje, em
substituição ao Vereador Paulo Brum, integrando a Comissão de Urbanização,
Transportes e Habitação, cessando, assim, o exercício da vereança pelo Suplente
Leão de Medeiros. Em continuidade, face à Questão de Ordem da Vereadora Maria
do Rosário, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos a respeito da ordem dos
trabalhos da presente Sessão. Após, registrou a presença da Senhora Eneida
Brasil, Presidenta do Fórum Municipal da Mulher, convidando Sua Senhoria a
integrar a Mesa dos trabalhos, e concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à
Senhora Télia Negrão, representante da entidade supra mencionada, que registrou
o transcurso, no dia de hoje, do Dia Internacional de Combate à Violência
Doméstica, discorrendo a respeito da atuação do Fórum Municipal da Mulher na
defesa dos direitos humanos e na realização de atividades de prevenção à violência
contra as mulheres. Na ocasião, por sugestão do Vereador João Dib, o Senhor
Presidente convidou as Vereadoras integrantes deste Legislativo a participarem
da Mesa dos trabalhos durante o período da Tribuna Popular. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, a Vereadora Clênia Maranhão, reportando-se ao tema da Tribuna Popular,
manifestou-se acerca do Dia Internacional de Combate à Violência Doméstica,
salientando a necessidade de adoção de medidas públicas que viabilizem
melhorias nas condições de prevenção à violência contra a mulher, bem como o
amparo do Estado às mulheres vítimas de agressões no âmbito doméstico. Na
oportunidade, o Senhor Presidente registrou as presenças da Senhora Ivete
Custódio, representante da Rede Nacional Feminista de Saúde e Direitos
Reprodutivos, e da Senhora Nádia Pacheco, representante do Sindicato dos Empregados
em Empresas de Assessoria, Perícia, Informação e Pesquisa e de Fundações do
Estado do Rio Grande do Sul - SEMAPI. A seguir, foi apregoado Requerimento da
Vereadora Tereza Franco, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia
de hoje. Também, face ao Requerimento do Vereador Cláudio Sebenelo, aprovado
durante a Nonagésima Oitava Sessão Ordinária, de Licença para Tratar de
Interesses Particulares, no período de vinte e cinco a vinte e sete de novembro
do corrente, o Senhor Presidente declarou empossado na vereança o Suplente
Gilberto Batista, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Saúde e
Meio Ambiente. Após, constatada a existência de “quorum”, foi aprovado
Requerimento do Vereador Pedro Américo Leal, solicitando Licença para Tratar de
Interesses Particulares, do dia dois ao dia quatro de dezembro do corrente. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Maria do Rosário analisou questões relativas
à prática de atos de violência contra as mulheres, mencionando órgãos do Poder
Público instituídos com a finalidade de prevenção e repressão a tais práticas,
e saudou, em especial, os dez anos de fundação da “Delegacia da Mulher” e os
seis anos de existência da “Casa de Apoio Viva Maria”. O Vereador Jocelin
Azambuja teceu considerações a respeito do aumento nos índices de violência
praticada contra mulheres pelos cônjuges ou companheiros, afirmando que a imprensa,
de maneira indireta, também contribui para a ocorrência desses fatos, ao
proporcionar um destaque excessivo aos mesmos quando da divulgação de notícias
relativas à ocorrência de crimes passionais. O Vereador Nereu D’Ávila ressaltou
o especial significado que possui o Dia Internacional de Combate à Violência
Doméstica, como símbolo da manifestação de repúdio da sociedade civil a toda e
qualquer forma de violência contra as mulheres e marco para a conscientização e
reflexão quanto ao assunto. Também, propugnou por medidas que viabilizem mudanças
em elementos culturais da sociedade brasileira que contribuem para a ocorrência
de agressões dessa natureza. Às quinze horas, os trabalhos foram suspensos, nos
termos regimentais, sendo retomados às quinze horas e um minuto, constatada a
existência de “quorum”. Após, o Vereador Carlos Garcia registrou que esteve em
Representação Externa deste Legislativo, no dia vinte de novembro do corrente,
na cerimônia de abertura da quarta edição dos Jogos da Juventude, que estão
sendo realizados na Cidade, procedendo à entrega, ao Senhor Presidente, de
troféu oferecido a este Legislativo pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento
do Desporto - INDESP. A seguir, o Senhor Presidente registrou o comparecimento
dos Senhores Rogério Santanna dos Santos e Marcelo Branco, respectivamente
Diretor e Supervisor de Telecomunicações da Companhia de Processamento de Dados
do Município de Porto Alegre - PROCEMPA, convidando Suas Senhorias a integrarem
a Mesa dos trabalhos. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos
Senhores Rogério Santanna dos Santos e Marcelo Branco, que procederam à
apresentação do “Projeto Teleporto Alegre”, destinado à instalação, no
Município, de novos sistemas de transmissão de dados através de fibra ótica.
Durante a explanação do “Projeto Teleporto Alegre”, foi realizada apresentação
de animação computadorizada, relativa à implantação da infraestrutura necessária
para a realização deste Projeto, bem como a sua área geográfica de abrangência
dentro do Município, e os Vereadores Guilherme Barbosa e Elói Guimarães
manifestaram-se e formularam questionamentos aos Senhores Rogério Santanna dos
Santos e Marcelo Branco. Às quinze horas e quarenta e um minutos, os trabalhos
foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e quarenta e
quatro minutos, constatada a existência de “quorum”. Em PAUTA, Discussão
Preliminar, 1ª Sessão, esteve o Projeto de Lei do Executivo nº 43/98, discutido
pelos Vereadores João Dib, Cyro Martini, Reginaldo Pujol, Antônio Losada e
Gerson Almeida. Na ocasião, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca
da instalação do Sistema Eletrônico de Votações no Plenário Otávio Rocha e,
face ao Requerimento anteriormente apregoado, de Licença para Tratamento de
Saúde para a Vereadora Tereza Franco, no dia de hoje, declarou empossado na
vereança o Suplente Leão de Medeiros, informando que Sua Excelência integrará a
Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. A seguir, constatada a existência
de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA e, por solicitação do Vereador
Reginaldo Pujol, feito um minuto de silêncio em homenagem póstuma à Senhora
Teresinha Silva, falecida no dia de ontem. Também, o Vereador Reginaldo Pujol
formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando seja
indicado representante desta Casa nos atos de encomendação e sepultamento da
Senhora Teresinha Silva, a serem realizados hoje, às dezessete horas e quinze
minutos. Após, foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Renato Guimarães,
solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do
Dia. Às dezesseis horas e vinte e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente
suspensos, para realização de reunião conjunta de Comissões Permanentes, sendo
retomados às dezesseis horas e quarenta e quatro minutos, constatada a
existência de “quorum”. Em Discussão Geral e Votação, foram aprovados o Projeto
de Lei do Legislativo nº 157/96 e a Emenda nº 01 a ele aposta. Na ocasião,
foram apregoadas as seguintes Emendas e Subemendas, referentes ao Projeto de
Lei do Executivo nº 35/98: Subemenda nº 01, de autoria da Vereadora Maria do
Rosário, subscrita pela maioria dos integrantes da Comissão de Economia, Finanças
e Orçamento, à Emenda nº 12; Subemenda nº 01, de autoria da Comissão de
Economia, Finanças e Orçamento, à Emenda nº 07; e Emenda nº 14, de autoria do
Vereador Carlos Alberto Garcia, subscrita pela maioria dos integrantes da Comissão
de Economia, Finanças e Orçamento. Foi aprovado Requerimento da Vereadora
Anamaria Negroni, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares,
no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o
Suplente Nede Soares, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de
Urbanização, Transportes e Habitação. Em Discussão Geral e Votação, foi
aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 35/98, com ressalva das Emendas a ele
apostas, após ser discutido pelos Vereadores Adeli Sell, Cyro Martini, Antonio
Hohlfeldt, João Dib, Antônio Losada, Gerson Almeida, Clovis Ilgenfritz, Jocelin
Azambuja, João Carlos Nedel e Elói Guimarães. Na ocasião, o Senhor Presidente,
face a questionamento do Vereador Henrique Fontana, prestou esclarecimentos
acerca do teor das Emendas apostas ao Projeto de Lei do Executivo nº 35/98 e,
face às Questões de Ordem dos Vereadores Sônia Santos, Antonio Hohlfeldt, Maria
do Rosário, Juarez Pinheiro e Hélio Corbellini, prestou esclarecimentos acerca
da tramitação do II Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental - II
PDDUA, e sobre as atividades da Comissão Especial constituída para a análise
deste Plano, informando que será realizada reunião da referida Comissão no dia
vinte e sete de novembro do corrente. Também, os Vereadores Nereu D’Ávila e
Maria do Rosário manifestaram-se acerca deste assunto. Às dezessete horas e
sete minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às
dezessete horas e vinte e dois minutos, constatada a existência de “quorum”. Durante
a apreciação do Projeto de Lei do Executivo nº 35/98, foi apregoado o Ofício nº
473/98, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, informando que se
ausentará do Município do dia vinte e oito de novembro a primeiro de dezembro
do corrente, quando participará de Reunião do Diretório Nacional do Partido dos
Trabalhadores, em São Paulo/SP, e da VII Reunião do Fórum de Governantes das
Cidades Metropolitanas, em Belém/PA. Às dezoito horas e trinta e quatro minutos,
constatada a inexistência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou encerrados
os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da
próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores
Luiz Braz, Juarez Pinheiro e Reginaldo Pujol, e secretariados pelos Vereadores
Juarez Pinheiro, Reginaldo Pujol e Pedro Ruas, este como Secretário “ad hoc”.
Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente
Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo
Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Sr. 3º Secretário fará a leitura de um
Comunicado das substituições, ocorridas na Sessão de ontem.
O SR.
3º SECRETÁRIO (Reginaldo Pujol): É a seguinte informação que a Mesa passa para que conste nos
Anais e na Ata dos trabalhos: “Ontem, durante a Sessão, o Ver. Leão de Medeiros
tomou posse em substituição à Ver.ª Sônia Santos, em LTS. Às 16h15min, o Ver.
Jocelin Azambuja assumiu a vereança, cessando a substituição do Ver. Leão de
Medeiros.
Mais
tarde, o Ver. Paulo Brum solicitou LTS para os dias 24 e 25/11/98, assumindo a
vereança o Suplente Leão de Medeiros.
Com
o término da Licença da Ver.ª Sônia Santos, o Ver. Jocelin Azambuja, 1º
Suplente, deverá assumir, hoje, em substituição ao Ver. Paulo Brum, integrando
a CUTHAB.
O
Ver. Jocelin Azambuja encontra-se presente na Casa, já juramentado,
automaticamente fica integrando os quadros e passa a constar na relação dos
presentes na Sessão que ora se instala.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de
Ordem): Sr. Presidente,
o espelho, normalmente, apresenta a ordem os trabalhos que serão desenvolvidos
durante a Sessão. No primeiro momento, teremos o comparecimento dos
representantes da PROCEMPA, com a apresentação do Projeto Teleporto Alegre. Mas, penso que a Tribuna Popular
deveria preceder, especialmente, porque temos a presença do Fórum Municipal da
Mulher e, em seguida, na Assembléia Legislativa também acontecerá uma Sessão
específica sobre a questão do Dia Internacional de Combate à Violência
Doméstica.
O SR. PRESIDENTE: Esta Presidência informa que vamos
iniciar a Tribuna Popular. O comparecimento da PROCEMPA ficará para um momento
posterior da nossa Sessão. Passamos à
Convidamos
para compor a Mesa a Sr.ª Télia Negrão, Presidenta do Conselho Municipal dos
Direitos da Mulher bem como a Sra. Eneida Brasil, Presidenta do Fórum Municipal da Mulher.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, sugiro que as nossas
Vereadoras também façam parte da Mesa neste momento.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Acolhida a sugestão de V. Ex.ª
Convidamos as Sr.as Vereadoras, que têm-se distinguido nesta Casa
por sua luta em relação às questões gerais da sociedade e, de forma específica,
nas sobre as questões que envolvem a mulher, a fazer parte da Mesa.
A
Sr.ª Télia Negrão, representando o Fórum Municipal da Mulher, está com a palavra,
pelo tempo regimental de dez minutos.
A SRA. TÉLIA NEGRÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, demais
pessoas presentes, o Fórum Municipal se expressa hoje para demarcar o Dia
Mundial de Luta e de Combate à Violência Doméstica Contra a Mulher. (Lê.)
“O
Fórum Municipal da Mulher, entidade autônoma de mulheres, instituído através da
Lei nº 347/95, de autoria da Ver.ª Maria do Rosário, serve de suporte e de
sustentação política do também criado Conselho Municipal dos Direitos da
Mulher, vimos hoje a esta Casa representando as mais de cento e cinqüenta
entidades que o compõem, para marcar este dia de luta.
Na
última segunda-feira demarcamos o início de uma Jornada de Combate à Violência
Doméstica, que visa a romper com o silêncio que vitima mulheres, crianças e
adolescentes.
Essa
violência, embora latente no dia-a-dia de nossa sociedade, só se transforma em
pública quando os crimes já ocorreram ou quando a vítima tem a coragem de
denunciar.
Passo
a ler agora o manifesto assinado pelas entidades que compõem o Fórum Municipal
da Mulher.
‘As
mulheres que integram as entidades e movimentos signatários deste manifesto,
denunciam com indignação, as agressões e atos de discriminação racial cometidos
pelo deputado do PSDB Paulo Vidal, que também é Procurador da Justiça, que, no
dia 17 de novembro do corrente, avançou em Elizabeth Costa, faxineira do prédio
em que o deputado reside, ferindo-a gravemente e ofendendo-a como pessoa do
sexo feminino, negra e trabalhadora.
Na
semana em que é deflagrada a Jornada de Combate à Violência contra a Mulher,
esse episódio só veio reafirmar que o fenômeno da violência de gênero perpassa
todos os níveis e classes sociais, mas chama a atenção quando um detentor de
mandato parlamentar e Procurador da Justiça é seu agente direto. Espera-se, de
pessoas que ocupam vaga nos mais altos escalões do poder deste Estado, entre os
quais a Assembléia Legislativa, que exerçam o papel exemplar quanto à sua
conduta pessoal, tanto na vida privada quanto na vida pública.
Felizmente
o Deputado Paulo Vidal encontrou à sua frente pessoa disposta a denunciá-lo e a
exigir sua punição. Elizabeth Costa está recorrendo a todas as instâncias da
cidadania, inclusive as policiais, para fazer valer seu direito, embora
consideremos que o enquadramento das denúncias que realizou tenha beneficiado
seu agressor. Não se trata de uma simples agressão, o Deputado Paulo Vidal, ao
chamá-la de negra vagabunda, cometeu
também o crime de racismo, este inafiançável e para o qual a punição é a
cadeia.
Este
Deputado envergonha a sociedade gaúcha como um todo e nos faz lançar os olhos
sobre a Assembléia Legislativa para observar e cobrar todo o direito da
cidadania que temos, qual será a postura de seus pares. Será que Paulo Vidal
terá sua imunidade parlamentar quebrada para ser julgado? Ou será que este mais
alto Poder protegerá agressores de mulheres, que discriminam pela condição de
raça e de classe, e consideram que trabalhadoras negras não merecem sequer usar
um elevador de serviço? Perguntamos ainda: qual deve ser a postura de um
Procurador da Justiça, senão a de exemplo de postura ética e moral?
Atentas
e dispostas a cobrar de cada um dos Deputados, da Polícia e da Justiça, os
procedimentos para a justa punição do Deputado agressor, o movimento feminista
e as organizações que abraçam a causa da mulher e dos direitos humanos exigem
publicidade de todos os atos e a severa aplicação da lei e da justiça.
O
recrudescimento da onda de crimes contra mulheres retirou a vida de cinco
mulheres e um bebê nas últimas semanas no Rio Grande do Sul. Crimes de extrema
violência e crueldade, que partiram de maridos, companheiros e namorados que se
diziam rejeitados e enciumados. Por esse motivo, deram fim à causa de sua infelicidade. É preciso dar um basta a tudo isto,
com políticas públicas de prevenção, de apoio às vítimas e punição dos
agressores e assassinos.
As
entidades abaixo signatárias estarão atentas ao desenrolar dos fatos,
solidárias à Elizabeth Costa e a todas as mulheres que vivem e são vítimas de
situação de violência.
Finalmente,
queremos dizer da necessidade de que o compromisso com as políticas públicas de
combate à violência contra a mulher, além de uma ação cotidiana do Estado e da
sociedade, deve expressar-se através de uma rede de apoio às mulheres em
situação de violência doméstica, vítimas da violência sexual e outras que
possam se caracterizar como do gênero, e a mulheres vivendo em situação de risco de vida, que seja permitido o acesso
a todos os mecanismos de saúde, jurídicos, policiais, assistenciais e outros
que venham a se tornar necessários’.
Para
tanto contamos com o apoio desta Casa. Muito obrigada.” (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a
palavra em Comunicação de Líder.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
inicialmente, ressalto a importância da iniciativa da Vera. Maria do Rosário
que articulou, para esta Casa, a vinda das representantes do Fórum Municipal
das Mulheres de Porto Alegre para discutir um tema tão importante e delicado da
nossa sociedade, que é a violência em relação às mulheres.
Hoje
é o Dia Mundial de Luta contra a Violência
Doméstica. Esta data foi estabelecida pela ONU tendo em vista que, em
nível mundial, a violência que se expressa na sociedade, e se expressa, também,
de uma forma particular em relação às mulheres através da violência no âmbito
doméstico, aquilo que nós convencionamos chamar de violência doméstica. É muito
importante que possamos discutir esse tema na Câmara Municipal de Porto Alegre,
porque há ainda, em nossa sociedade, a tendência de se considerar esse tipo de
violência como uma questão privada. É fundamental que, em todos os espaços
públicos, nós possamos discutir e denunciar a realidade da violência que se
estabelece contra as mulheres, não apenas no Brasil, mas em todos os países do
mundo.
Há
dados referentes aos Estados Unidos que afirmam que 1% das emergências, quando
a paciente é feminina, são violências praticadas contra a mulher por uma pessoa
conhecida da vítima. A denúncia trazida nesta tribuna pela representante do
Fórum da Mulher em relação ao ato de violência praticado por um Deputado do
nosso Estado demonstra que a questão da violência perpassa todas as classes
sociais, perpassa todos os segmentos da sociedade. A violência contra as
mulheres só deixará de acontecer quando efetivamente todas as entidades, os
organismos governamentais, as instituições públicas chamarem para si essa
questão, como uma questão pública que deve ser resolvida através de políticas
públicas e de uma articulação onde se criem, para a sociedade, através das
mulheres que são vítimas, as condições para que essas mulheres possam fazer as
denúncias. Tendo em vista que a sociedade tem uma concepção extremamente
machista, extremamente discriminadora, fundamentalmente em relação à questão da
violência, muitas e muitas vezes as mulheres vítimas não se sentem em condições
de fazer essa denúncia.
É
preciso, portanto, que esse tema comece a ser tratado como uma questão pública,
para que efetivamente se possa dar o apoio necessário, e que as denúncias
aconteçam cada vez que a violência se tornar realidade na vida das mulheres, e
não apenas a violência física, mas a ameaça, a discriminação e o preconceito.
É
importante, fundamental, que as mulheres tenham instâncias efetivas para fazer
essa denúncia. É por isso que as mulheres que trabalham na defesa dos direitos
femininos têm lutado muito pela construção das delegacias especializadas contra
a violência em relação às mulheres, têm lutado pela existência e ampliação da rede,
de casas de apoio, de albergues, de instâncias onde as mulheres, após a
denúncia nas delegacias especializadas, possam ser amparadas e, durante um
prazo, ter a efetiva possibilidade de passar por um período de restauração de
sua vida, e retomar novos caminhos para a sua vida pessoal e profissional.
A
Câmara Municipal de Porto Alegre, através do Fórum Municipal da Mulher, quando
discute essa questão, está discutindo uma política pública e também direitos
humanos, porque desde o Congresso Mundial da ONU, realizado em Viena, os
direitos femininos têm que ser considerados como parte integrante dos direitos
humanos. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos as presenças de integrantes
da Rede Nacional Feminista e Direitos Sexuais Reprodutivos, Sr.ª Ivete
Custódio; Sr.ª Nádia Pacheco, representante do
Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoria, Perícia, Informação
e Pesquisas e de Fundações do Estado do Rio Grande do Sul - SEMAPI.
Apregoamos
o Requerimento, de autoria da Ver.ª Tereza Franco, que solicita Licença para
Tratamento de Saúde no dia 25 de novembro de 1998.
(Obs.:
Foi apregoado Requerimento de licença da Ver.ª Tereza Franco, conforme consta
na Ata.)
O
Ver. Gilberto Batista já se encontra em Plenário, e assume em substituição ao
Ver. Cláudio Sebenelo, nos termos regimentais, face ao Requerimento de licença,
para o período de 25 a 27 do corrente mês, apregoado durante a 98ª Sessão
Ordinária. O Ver. Gilberto Batista passa a integrar a Comissão de Saúde e Meio
Ambiente.
O
Ver. Pedro Américo Leal solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares
do dia 2 a 4 de dezembro do corrente ano.
(Obs.:
Foi aprovado Requerimento de licença do Ver. Pedro Américo Leal, conforme
consta na Ata.)
A
Ver.ª Maria do Rosário está com a palavra em Comunicação de Líder.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Ver. Luiz Braz; Sr.ª
Presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Jornalista Télia
Negrão; Sr.ª Coordenadora do Fórum Municipal da Mulher, Sr.ª Eneida Brasil;
Ver.ª Clênia Maranhão, componente desta Mesa; Srs. Vereadores. Vinte e cinco de
novembro marca o Dia Mundial de Combate à Violência contra a Mulher. E não há
motivo mais especial, na tarde de hoje, do que ocuparmos esta tribuna para
juntarmos as nossas vozes como representantes da população de Porto Alegre a
tantas e tantas vozes que gritam e que muitas vezes não encontram quem as
escute.
Essa
é a realidade da violência contra a mulher, que perpassa séculos e séculos e
que, marcadamente, no período histórico em que vivemos, num período em que as
relações humanas estão determinadas muito mais pelo interesse, por serem
desprovidas de qualquer sensibilidade, e que permanece a consciência absurda e
equivocada da propriedade de um sobre o outro, as mulheres mantêm a sua
condição de viver a situação dramática da violência. Nos lares é que a
violência se manifesta de forma mais crua. Exatamente onde deveria existir um
espaço de proteção, um espaço de acolhida, lamentavelmente, as mulheres de
todas as idades, em todas as fases de sua vida, são mais vítimas, e vítimas dos
seus companheiros, daqueles a quem dedicam, tantas vezes, a sua própria vida.
Queremos,
em nome da Bancada do PT, inserir aqui a importância desta data, e saudar as
mulheres deste Estado pelos dez anos da Delegacia da Mulher, uma das primeiras
políticas públicas específicas que foi conquistada pela luta das mulheres do
Rio Grande do Sul e, em especial, de Porto Alegre. Queremos referir também a
importância da Casa de Apoio Viva Maria, que completou seis anos e se
estabeleceu como uma proposta de acolhida às mulheres e às suas crianças -
porque as mulheres vítimas têm consigo as suas crianças -, e de possibilidade de sua reinserção no
mundo do trabalho, na vida com dignidade, na preocupação consigo, no resgate de
sua auto-estima e na vida em comunidade.
Esta
data, no mundo inteiro, marca a luta daquelas mulheres negras, que sofrem, de
forma dupla ou mais do que isso, a violência e a discriminação; das mulheres
empobrecidas, porque, se é verdade que a violência, especialmente a violência
doméstica, perpassa todas as classes sociais - e é verdade -, é justamente
aquelas, das camadas populares da população, que menos recursos detêm para que
possam procurar, para que possam ser atendidas. E são essas que mais precisam
das políticas públicas, das políticas do Estado, são estas que mais se
encontram abandonadas.
Não
há dúvida de que empenharmos a nossa solidariedade e mudarmos a cultura poderá
proporcionar às mulheres, em todas as esferas, a possibilidade de uma vida mais
feliz, de uma vida mais tranqüila, mais prazerosa. A violência atinge todas as
mulheres, as meninas deste mundo, que estão engendradas numa rede de morte, que
são as redes de tráfico e da exploração sexual, são aquelas meninas empobrecidas
que vêm para as cidades grandes na busca de um trabalho, que vão trabalhar em
uma casa buscando uma possibilidade de sustento, mas são também aquelas meninas
que muito cedo fogem das suas casas, buscando no espaço público e nas ruas
aquela acolhida que não encontraram entre aqueles que deveriam protegê-las.
Portanto,
eu quero, ao mesmo tempo que denunciar frente a todos vocês e ao mesmo tempo
que participar, melhor dizendo, desta denúncia que realizamos neste dia 25 de
novembro, saudar a organização das mulheres, o Fórum Municipal da Mulher, o
Conselho Municipal dos Direitos da Mulher e saudar a luta das mulheres, porque
é dessa construção, dessa presença ativa que sabe reconhecer naquelas que estão
pilotando um Boeing, no trabalho que nós desenvolvemos já nos Parlamentos, mas,
também, naquele trabalho anônimo nas comunidades, nos sindicatos, na base da
sociedade, tudo aquilo que pode transformar a cultura e pode, enfim, afirmar
uma sociedade que seja livre, feliz para todas as mulheres e, também, para todos
os homens e todas as crianças. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estou
aqui, em nome da Bancada do PTB, por delegação da minha colega Ver.ª Sônia
Santos, Líder da Bancada, e gostaria de abordar um tema, que serviria de
reflexão para todas as organizações de mulheres. O tema tem me chamado a
atenção e as senhoras deveriam começar a pensar profundamente nessa questão.
Eu
tenho visto, diariamente, nas páginas dos jornais, nos veículos televisivos,
nos meios de comunicação em geral as notícias que falam dos assassinatos,
seguidos de suicídio.
Se
vocês observarem, nos últimos tempos, essas notícias têm ganho um destaque
exagerado por parte da mídia, no sentido de que, de repente, um cidadão
assassina a sua esposa ou a sua companheira e depois se suicida, e, em alguns
casos, até o contrário, mas, na maioria das vezes, a violência contra a mulher
é jogada nesse sentido, o cidadão assassinando a sua companheira, esposa ou uma
ex-namorada com quem tenha brigado, matando, muitas vezes, os filhos também e
terminando por se suicidar. E vejam bem os senhores e as senhoras que o
suicídio, como é de caráter patológico - e existem estudos científicos sobre
isso - acaba sendo estimulado no momento em que é divulgado.
Então,
vocês vejam que os veículos de comunicação têm o cuidado de não noticiar
eventos de suicídios por estarem inseridos num conceito de ética da imprensa e
do jornalismo em geral. Mas por que é noticiado o homicídio seguido de suicídio
e, na maioria dos casos, contra a mulher? Se vocês lembrarem das últimas
notícias veiculadas na imprensa, vão ver que houve dois ou três casos no mesmo
dia de divulgação desse tipo de agressão contra a mulher.
Então,
no momento em que está-se comemorando esta luta contra a violência, os dez anos
da Delegacia da Mulher, que está-se fazendo uma reflexão sobre todas essas
questões, eu gostaria que as entidades ligadas à questão, que a Ver.ª Clênia
Maranhão e a Ver.ª Maria do Rosário, que têm atuado muito fortemente nessa
área, refletissem profundamente a respeito disso e, junto aos meios de
comunicação, vissem da validade desse tipo de divulgação.
Hoje
mesmo, nos jornais, é só abrirmos as páginas, está ali mais um caso grave.
Hoje, ao meio-dia, eu via na televisão mais um caso grave de um cidadão que
matou a companheira, tentou matar o filho e, depois, se suicidou. Será que
essas notícias seguidas e permanentes de suicídios, antes do processo de
agressão e de violência contra a mulher, não têm servido de estímulo a se
continuar esse tipo de procedimento, quando estudos psiquiátricos, psicológicos
nos dizem dessa realidade e por isso que notícias de suicídios não são divulgadas?
Então, prezadas senhoras, que aqui representam parcela importante da nossa
sociedade na defesa dos direitos da mulher, na defesa dos interesses da mulher,
discutam isso nas suas entidades, analisem isso e, quem sabe, alertem os meios
de comunicação de que talvez não seja esse o caminho mais correto de divulgação
de notícias. Para mim, toda a notícia que envolve suicídio, de qualquer
espécie, não deve ser veiculada.
Neste
momento, eu quero me somar aos meus colegas de Bancada, aproveitando para fazer
esse alerta e pedindo, encarecidamente, que vocês verifiquem, junto aos
veículos de comunicação, junto aos órgãos e institutos que tratam das questões
psiquiátricas, psicológicas, se essas notícias não estão estimulando o
processo: “Briguei com a minha companheira, briguei com a minha mulher, eu
mato, depois me suicido e ainda saio nas páginas dos jornais ou saio nas
manchetes da televisão e do rádio”. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. NEREU D`ÁVILA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as
Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Em nome da
Bancada do PDT, nós queremos nos associar a este Dia Mundial de Combate à
Violência contra a Mulher.
Este
dia tem uma significação especial, e chamar a atenção dos poderes constituídos,
organizar-se, manifestar a sua inconformidade, dar a sua opinião, mobilizar-se,
tudo isso faz parte de um processo para estancar, bloquear esta situação
verdadeiramente inadmissível dessa violência contra a mulher. Só que, além
disso, é necessário que se procure chamar a atenção para outras facetas do
mesmo problema. Porque esta questão está incrustada numa cultura, infelizmente
real, machista.
Então,
creio que quando falamos em violência contra a mulher, é importante que os
órgãos, os mecanismos, as instituições, os poderes públicos, assembléias,
câmaras, enfim todos aqueles que tem voz, que podem reproduzir opiniões, se
mobilizem, como estamos fazendo, hoje, na Câmara Municipal, na Assembléia
também, e certamente na Câmara Federal.
Mas
há que se aprofundar, enraizar-se mais no problema. Ouvi, com atenção, o Ver.
Jocelin Azambuja, e ele enfocou uma das facetas do problema. Mas ousaria dizer
que ele aprofundou os efeitos, nós temos que aprofundar as causas, que são
múltiplas, mas são, fundamentalmente, de cultura. Nos acostumamos, nós homens,
com as opiniões não serem de repugnância, de indignação, já nas nossas casas,
nos nossos lares, quando somos crianças; que não façamos isto em relação aos
nossos filhos, principalmente nossos filhos homens, que reproduzem,
inconscientemente, este machismo. E daí advêm atos bárbaros que cultuam,
reproduzem situações não só condenáveis como inadmissíveis.
Por
isso, é importante nas escolas, onde é um foro maravilhoso para debater-se, que
as crianças comecem a formar a sua conceituação de respeito à dignidade humana,
de respeito a todas as raças, de respeito a todas as idades, e também de
respeito à integridade física de todas as pessoas, principalmente àquelas que
são vítimas da agressão e da violência, como as mulheres. Há a necessidade de
incrustar-se essa luta, de enraizar-se e aprofundar-se essa situação.
Uma
das representantes falou, aqui, na inominável violência de um representante
popular, e todos nós ficamos estupefatos e perplexos, tratando-se de uma pessoa
do Ministério Público, já que todos conhecemos o caso, que teve destaque, mas
milhares não têm destaque. Somente quando a violência ceifa vidas esses casos
viram manchetes, como há poucos dias ocorreu no Município de Lajeado, onde em
menos de dez dias houve duas situações com esse teor. São casos que vêm à tona
pela circunstância de ceifar vidas, mas milhares não aparecem. Talvez vão até
as Delegacias da Mulher, que foi outra grande conquista da sociedade, porque,
antes, havia um constrangimento nas Delegacias de Polícia, onde prevalecia o
machismo.
Não
basta combater o machismo, o que seria muito fácil; há que se procurar as
causas, porque elas estão incrustadas na nossa cultura.
As
próprias mulheres, as mães, entre elas, numa luta diária, numa luta constante,
par a par conosco, devem chamar a atenção dos seus filhos, em prol de uma
sociedade melhor, para que não haja distinção entre meninos e meninas, porque é
ali que estará sendo plantada a semente de um futuro cidadão ou cidadã, que já
deve vir com aquilo que seria o ideal, e que, no momento, está longe de ser
atingido; para esse filho vir a ser um cidadão íntegro, que respeite o direito
dos seus semelhantes e que respeite as nossas queridas companheiras, mães,
irmãs, enfim, esse ser maravilhoso que é a mulher. Que ela seja, na sua
integridade, não respeitada de favor nem de direito, mas como uma situação
imanente a sua natureza de pessoa humana. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Eu quero agradecer as presenças de
todas as Senhoras, de todos os Senhores, da Sra. Eneida Brasil; da Sr.ª
Télia Negrão, das nossas Vereadoras: Maria do Rosário, Clênia Maranhão,
Anamaria Negroni. Também na Bancada do PT nós temos Vereadoras Suplentes que
assumem com muita freqüência, como é o caso da Ver.ª Maristela Maffei, da Ver.ª
Sônia Saraí, são mulheres que estão neste Parlamento defendendo, com muita constância, o direito das mulheres.
Eu
acredito que essa defesa não fique encerrada somente na luta das Vereadoras,
mas também que os Vereadores, em suas manifestações, em suas ações, se coloquem
de maneira a combater qualquer tipo de violência. Como o tipo de violência
registrado, aqui neste Plenário, é muito comum contra as mulheres, eu tenho
certeza de que não passa pela cabeça de nenhum parlamentar omitir-se na defesa
de qualquer forma possível desse tipo de violência e mais as outras que
conhecemos.
Então,
neste dia extremamente importante, em que as Senhoras vêm até aqui, na nossa
Câmara de Vereadores, no Dia Internacional de Combate à Violência Doméstica com
a atuação do Fórum Municipal de Mulher, eu tenho certeza absoluta de que nós
deixaremos marcado como uma data muito especial para todos nós representantes da
sociedade de Porto Alegre, que devemos reafirmar a cada minuto, a cada
instante, essa nossa obrigação de estarmos nos posicionando contrários a todos
os tipos de violência e mais especificamente à violência contra a mulher, que é
o fato que está sendo hoje comentado e discutido pelos Sras. Vereadoras e pelas
Senhoras que aqui vieram.
Suspendemos
os trabalhos, para que nossas convidadas recebam as despedidas. Estão suspensos
os trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 15 horas.)
O SR. PRESIDENTE (às 15h01min): Estão reabertos os trabalhos. O Ver.
Carlos Alberto Garcia, do PSB, representou a Casa externamente, na última
sexta-feira na abertura da 4ª Edição dos Jogos da Juventude, e traz um troféu
desse evento, oferecido a este Legislativo
pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto - INDESP.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, na sexta-feira tive a
oportunidade de representar esta Casa na abertura da 4ª Edição dos Jogos da
Juventude. Este Evento está sendo realizado, em Porto Alegre, com a
participação de três mil e quinhentos atletas, jovens de até dezessete anos, de
todo o Brasil. Na oportunidade, o Diretor do INDESP e o representante do INDESP
em nível nacional, fizeram questão de homenagear à Casa do Povo com o símbolo
dos jogos e um troféu que passo às mãos do Sr. Presidente. Gostaria de
registrar que até sábado Porto Alegre está sendo a Capital Estudantil do
Desporto.
O SR. PRESIDENTE: Agradeço a representação de V. Ex.ª, e
sempre que há algum evento na área esportiva, lembramos do Professor de
Educação Física Carlos Alberto Garcia, para que ele represente a Casa nesses
eventos. Essa lembrança que V.Ex.ª traz do IV Jogos da Juventude, vamos deixar
em um local bem visível na Sala da Presidência. Muito obrigado.
Temos
hoje o comparecimento, em nosso Plenário, de representantes da Companhia de
Processamento de Dados do Município de Porto Alegre - PROCEMPA -, para enfocar
o assunto “Projeto Teleporto Alegre”. Convido a fazer parte da Mesa o
Diretor-Presidente da PROCEMPA, Sr. Rogério Santanna, e o Supervisor de
Telecomunicações Marcelo Branco.
Trata-se
de um projeto que visa a ampliar a divulgação do que já está sendo implantado
na Cidade de Porto Alegre para uma melhor modernização administrativa. O Sr.
Rogério Santanna, Diretor-Presidente da PROCEMPA, está com a palavra.
O SR. ROGÉRIO SANTANNA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, demais
representantes da comunidade, é uma honra para nós estarmos novamente neste
Plenário a fim de mostrar os avanços da tecnologia da informação que a Cidade
de Porto Alegre tem conquistado dia-a-dia, não só pelo Executivo mas também por
esta Casa, que tem se mantido pelo uso da tecnologia de informação, e da
infra-estrutura que nós pretendemos mostrar.
Uma
das áreas que mais cresce mundialmente diz respeito àquilo que se fala no
jargão da informática “cibspace”, ou espaço cibernético, inclusive no que tange
a medição do desenvolvimento do ponto de vista econômico de uma sociedade. O
tamanho do seu espaço cibernético é um dos fatores que, por certo no futuro,
será um elemento de aferição da cultura e do desenvolvimento econômico. Para
que isso ocorra são necessárias infra-estruturas, tecnologicamente, adequadas
para permitir que a demanda de informação possa fluir na velocidade adequada.
Neste
caminho, a Prefeitura de Porto Alegre, dentro do Projeto Tecnópole, através de
um subprojeto chamado Teleporto Alegre, que teremos a honra de mostrar aos
Senhores, hoje, está fazendo a sua parte: colocando infra-estrutura de fibras
óticas com uma elevada largura de banda, sendo a primeira capital do País a
dispor de uma Infovia nesse nível tecnológico que vamos expor aos Senhores.
Esse
projeto é uma parceria da PROCEMPA com a Embratel, e também relativo aos
investimentos municipais feitos com o Projeto do BID em que uma verba é
destinada a construção dessa infra-estrutura tecnológica.
A
partir de agora vamos demonstrar como funcionará isso. Este projeto certamente
beneficia esta Casa também possibilitando que informações aqui dispostas,
inclusive as imagens de televisão, voz, dados, possam ser disponibilizados
nessa rede de alta velocidade, porque há largura de banda, para usar um termo
técnico, suficiente para que essa informação possa fluir. Peço que o Marcelo
Branco, nosso Supervisor, faça uma demonstração mais detalhada do Projeto e
depois haverá um período para perguntas e esclarecimentos.
O SR. MARCELO BRANCO: Eu vou apresentar aqui o Projeto
Teleporto Alegre. Ele está situado dentro de um Projeto mais amplo que o
Projeto Teleporto, que é o Projeto Tecnópole Porto Alegre que prepara a região
de influência econômica de Porto Alegre para um processo de evolução
tecnológica permanente. A estratégia desse Projeto Porto Alegre Tecnópole está
baseada em ações tecnopolitanas, isto é, todas as atividades de interesse
público realizadas necessariamente em parceria para o desenvolvimento da
tecnópole.
Temos
alguns exemplos de ações tecnopolitanas que já estão sendo realizadas. Uma
delas é a Tecnópole em Domicílio, que, através de iniciativas da SMIC,
acompanha empresas pequenas e médias que necessitam de assessoria para o seu
bom, ou melhor, funcionamento. Então, através de convênios com universidades, a
Prefeitura, através da SMIC e universidades, prestam assessoria a essas
empresas e, no futuro, esse bolsista ou pesquisador da universidade pode
inclusive ser um futuro funcionário dessas empresas. Mais de 200 empresas foram
visitadas por representantes desse Projeto e estão trabalhando nesse sentido.
Temos
também as redes de incubadora de base tecnológica. O exemplo mais significativo
é a IETEC, Incubadora Tecnológica da Prefeitura, localizada próximo ao Túnel da
Conceição, outras incubadoras de base tecnológica do Governo do Estado -
CIENTEC - , e das universidades. O que é uma incubadora? Ela incuba a empresa,
por um período de dois anos, no caso da Prefeitura, ou então pessoas que querem
ser empresários, mas não têm condições iniciais de suportar o investimento,
então a Prefeitura loca esses futuros empresários por dois anos, com telefone,
rede de computador, assessoria administrativa, após dois anos, ele sai,
rompendo esse cordão umbilical e tenta desenvolver o seu projeto sozinho.
A
outra questão é sobre as regiões de potencial tecnológico. Em Porto Alegre
foram localizadas algumas regiões que têm potencial tecnológico para desenvolver
seus projetos. O caso mais conhecido é o do Bairro Navegantes.
Outro
exemplo de ação tecnopolitana é o Projeto Teleporto Alegre, que tem o objetivo
de ligar o pólo de eletrônica e informática do Bairro Navegantes. Foi feita uma
pesquisa na Cidade e detectou-se que situam-se lá a maioria dos alvarás
eletro-eletrônicos. É um bairro que precisa ser revitalizado, no qual pessoas
precisam voltar a morar porque tem uma arquitetura histórica, prédios que podem
alojar indústrias de porte, e limpas. São prédios pequenos para indústrias de
grande porte, mas para a indústria eletro-eletrônica são adequados. O vetor
econômico para desenvolvimento desse bairro é incentivar as indústrias
eletro-eletrônicas a se instalar lá, o que já estão fazendo, só que de forma
desorganizada.
Outro
Projeto que está em desenvolvimento é o Pólo de Saúde da Av. Ipiranga. Estudos
da Prefeitura constataram que vinte e sete dos trinta e quatro hospitais da
Cidade situam-se no eixo da Av. Ipiranga - três quilômetros para cima, três quilômetros
para baixo. Como os hospitais precisam trocar informações, trocar tecnologia,
esse Projeto é chamado Pólo de Saúde.
Outro
pólo de desenvolvimento é o Pólo Triângulo, que pega o Centro Industrial da
Restinga, o Campus da UFRGS e o Campus da PUC. Tem esse nome porque forma um
triângulo, e a IETEC, que eu já citei anteriormente. Estou citando alguns
exemplos que essa infovia vai estar contemplando.
Um
dos objetivos gerais desse Projeto é a construção de uma infovia, que
interligue os pólos de desenvolvimento científico com os pólos de
desenvolvimento econômico, isto é, queremos aproximar a pesquisa, que é feita
dentro das universidades, ou dos centros de pesquisas municipais, estaduais e
federais com aqueles que mais necessitam dessas pesquisas, que são as pequenas
e médias empresas e os empresários. Construindo-se uma infovia que ligue as
informações que estão dentro das universidades, que estão dentro dos centros de
pesquisas, assim esses empresários, esses centros de desenvolvimento econômico
poderão se integrar, de forma mais concreta, com esses centros de pesquisa.
Um
dado interessante é que essa infovia vai servir de suporte para a Internet 2 em
Porto Alegre. O Projeto Internet 2 é um Projeto mundial, é uma Internet com uma
nova cara, uma largura de banda e com uma velocidade muito superior à Internet
atual, que vai trafegar imagens, vídeos e etc. Então, em Porto Alegre, nós
precisamos ter uma infra-estrutura, que não tem, que permita que nós possamos
implantar a Internet 2 na cidade. E, também, este projeto de infovia serve de
suporte à modernização administrativa de Porto Alegre, interligando os prédios
da Prefeitura.
Eu
queria colocar, também, o seguinte: de onde vêm os recursos para este projeto?
O Rogério Santanna já colocou, ele está dentro do subprograma de modernização
administrativa, tecnológica e processual, que é o financiamento do BID para a
III Perimetral. Então, os recursos são oriundos deste financiamento.
Os
parceiros deste projeto são a PUC, a UFRGS, a EMBRATEL, a PROCERGS, a PROCEMPA
e a UNISINOS. Então, como nós estamos vendo, as principais Universidades desta
região estão integradas, são parceiras deste projeto.
Nós
também estamos desenvolvendo outros projetos com a mesma tecnologia, que tem
outro nome, mas queríamos colocar, aqui, qual a relação entre eles. O Projeto
Metropoa foi um projeto que a PROCEMPA desenvolveu, apresentou para o CNPq e
para o PROTEM e foi uma das seis Capitais do País escolhida pelo Ministério de
Ciências e Tecnologia para desenvolver pesquisas, visando a implantação da
Internet 2. Então, este projeto tem a parceria com as universidades, nós
estamos trabalhando em cima dele, usando a mesma tecnologia que nós vamos usar
no Teleporto Alegre e, também, o outro projeto, Rede Metropolitana, que é a
interligação dos prédios da Prefeitura de Porto Alegre por um anel de fibra
ótica. Então, na verdade, quando nós falarmos de Metropoa, Rede Metropolitana
ou Teleporto Alegre, nós vamos estar falando da mesma tecnologia, porém com
abrangências diferentes.
Então,
no núcleo central, nós temos o projeto Metropoa, que é pesquisa da Internet 2.
É um projeto experimental com duração de apenas um ano. Tem financiamento do
Governo para um ano, temos bolsistas nos diversos parceiros, recebemos
equipamentos para fazer estes testes, de vídeo, gerenciamento de rede de alta
velocidade. A mesma tecnologia é que nós vamos estar adotando na rede
metropolitana. Então, tem uma abrangência que atende às demandas da Prefeitura.
Ligará os principais prédios da Prefeitura, Câmara de Vereadores e etc. E o
Projeto Teleporto Alegre já tem um interesse geral da cidade. Então, além de
ligar os prédios públicos, já vai ligar as Universidades, o Bairro Navegantes,
as incubadoras tecnológicas, os prédios públicos do Governo do Estado, a
PROCERGS, etc.
Nós
fizemos uma consulta à ANATEL, Agência Nacional de Telecomunicações, no final
do ano passado. O que está viabilizando as obras que já iniciaram é uma
parceria entre a EMBRATEL, a PROCEMPA e a Prefeitura, que estão, em conjunto,
fazendo o lançamento de fibras óticas na Cidade. Vocês já devem ter visto em
vários locais da Cidade, na Av. Farrapos, na Av. Ipiranga, vai iniciar agora na
Volta do Gasômetro, no Centro da Cidade, obras que estão implantando
infra-estrutura para que tenhamos as fibras óticas implantadas.
Estamos
vendo algumas fotos das obras, esta é na Av. Ipiranga próxima à PROCEMPA. Isto
é a máquina que escava para instalar a fibra ótica no leito do Arroio Dilúvio.
Isto é a instalação dos ductos ao longo da Av. Ipiranga. Aqui, temos uma visão
geral, esses riscos vermelhos, verdes e amarelos são um traçado onde vai passar
a fibra ótica dentro da Cidade de Porto Alegre. Vamos para a região central de
Porto Alegre e vemos a nossa esquerda a Câmara de Vereadores, mais no centro,
em baixo do desenho, a PROCEMPA. Os traçados vermelhos são fibras óticas
subterrâneas, os verdes são ductos que a EMBRATEL já tinha e os amarelos são
traçados aéreos.
No
Bairro Navegantes, em cima, à esquerda, a Av. Farrapos em direção ao Laçador,
em baixo, o DMAE, na Rua 24 de Outubro.
O último trecho dessa primeira fase é ao longo da Ipiranga em direção à PUC,
chegando até a ULBRA. Essa parte do traçado, em preto, é a futura expansão da
rede a partir de término das obras da III Perimetral que, em baixo da III
Perimetral já está se prevendo infra-estrutura para lançamento de fibras
óticas.
Uma
característica interessante dessa rede é que ela vai atender, nessa primeira
fase, a Prefeitura de Porto Alegre, o prédio da Siqueira Campos, o Paço
Municipal, a SMOV, na Av. Borges com a Av. Ipiranga, o Centro Municipal de
Cultura, na Érico Veríssimo. Esses que estão em vermelho são aqueles que vão
além dos prédios públicos, já são do Projeto Teleporto Alegre. Vemos agora o
DMAE, da Av. Princesa Isabel; Hospital de Pronto Socorro; DEP, da Rua Lima e
Silva; DMAE, da Rua João Alfredo; DMLU, da Azenha; Universidade Federal do Rio
Grande do Sul; PUC; Ginásio Tesourinha; Secretaria do Meio Ambiente; SMOV DIP,
as obras estarão concluídas após o término da III Perimetral.
A
primeira fase será da Av. Ipiranga até a Av. Carlos Gomes; Av. Silva Só com Av.
Ipiranga, um projeto de trânsito; Câmara de Vereadores; prédio da Secretaria de
Indústria e Comércio; SMED; DMAE, da Rua José Montauri; Usina do Gasômetro; a
Secretaria de Saúde da Av. João Pessoa; Casa Torelli; SECAR; DMAE da Av. 24 de Outubro; Bairro Navegantes e
EMBRATEL. Esses prédios vão ser atendidos naquela primeira fase, naquele trecho
que a gente viu de fibras que estão passando e interligando esses prédios.
Uma
característica importante da rede é de que ela não é uma rede de dados
convencional, ela usa uma tecnologia que, pela mesma infra-estrutura de fibras,
é possível transportar sinais convencionais de dados, voz e imagens. Algumas
aplicações de dados conhecidas de todos nós é a Internet, a Intranet, Extranet
com uma velocidade muito superior a atual, mas vai trafegar por essa rede,
correio eletrônico integrando todos esses ambientes da Universidade e os
prédios da Prefeitura, acesso a banco de dados de grande porte, por exemplo, se
algum órgão público da Prefeitura necessitar fazer simulações no
supercomputador da UFRGS, é possível, através de uma rede com essas
características, utilizar o supercomputador da UFGRS. Nós estamos estendendo
aquele supercomputador, porque é preciso ir até lá para fazer algumas
simulações para todos os prédios que acabamos de citar.
Há
a possibilidade do comércio eletrônico, onde o pequeno e médio empresário
poderão comercializar os seus produtos através da Internet, como hoje já fazem
os grandes grupos econômicos. Outra questão é a da voz, por uma de rede como
essa é possível integrar as diversas telefonias dessas instituições, ou seja,
Prefeitura, Câmara de Vereadores, toda rede de telefonia da UFGRS, da PUC, da
Unisinos que, por exemplo, poderão se comunicar entre si sem pagar tarifa de
impulso local. Se a gente achar que esse é o caminho, será possível,
tecnologicamente, fazer ligações entre esses prédios sem pagar ligação local e,
mais do que isso, se a gente fizer um acordo nesse sentido com a EMBRATEL, será
possível, nesses locais, pagar DDD e DDI por um preço mais barato, porque as
ligações não passarão pela rede urbana local, basta ligar direto nos juntores
de saída para DDD e DDI.
Uma
outra aplicação, - que é a vedete da nossa rede - é a possibilidade de
transmitir vídeo, imagens. Uma aplicação bem conhecida é a vídeo conferência.
Num computador, com “kit” multimídia, é possível que as pessoas troquem
informações de vídeo, falem, façam conferências ponto a ponto, multiponto,
recebem pequenos clips no computador, etc. E também teleconferência, que seria
a gente estar assistindo com tempo real, por exemplo, essas imagens da TV
Câmara em todos os locais onde esta rede estiver chegando, transportando por
esta rede imagens em tempo real.
Aplicação
de teleducação, por exemplo, é possível numa rede como esta os estudantes de
Medicina da UFRGS, ou PUC, assistir ao vivo uma cirurgia no Hospital de Pronto
Socorro, ou Hospital São Lucas, sem terem que ficar em volta do Médico. É uma
aplicação típica de teleducação.
E
temos as aplicações em telemedicina, que são grandes consumidoras de faixa
larga. É possível disponibilizar equipamentos, hoje restritos e um hospital,
como tomografia computadorizada, pegar o diagnóstico traçado para aquele
paciente em outro ponto da rede, em outro hospital, em outro prédio da
Prefeitura, na Secretaria Municipal de Saúde, através de aplicações de
telemedicina.
E
outra aplicação são vídeos sobre demandas, e estamos já fazendo testes na
PROCEMPA, experimental, que seria uma locadora de vídeo, só que em vez de
armazenar fitas de vídeo armazena um servidor, num computador com capacidade
muito grande de armazenamento, e a gente pode ter vídeos educativos,
explicativos, em que qualquer um, na rede, através do computador busque em tempo
real e assiste essas informações de vídeo, que estão localizadas no computador.
Seria uma locadora em que todos os microcomputadores que estiverem ligados a
esta rede terão acesso a essas informações de vídeo, e isso se chama vídeo sob
demanda.
Vamos
fazer uma rápida demonstração do que seria a qualidade de um vídeo no
computador. Esse é um vídeo digitalizado, onde é possível termos uma qualidade
igual a essa ou superior, na nossa rede, é a demonstração de um fornecedor
falando das várias possibilidades de vídeo já no presente, mas parece ser o
futuro, vídeo no computador, vídeo na televisão. A tendência é que a televisão,
o microcomputador, o rádio tudo se unifique num único equipamento a partir
dessa nova tecnologia. Então estamos trazendo essas informações e fazendo essa
demonstração prática para sabermos como Porto Alegre ficará ao disponibilizar
uma rede com esta qualidade.
Era
isso que tínhamos para apresentar para vocês. O nosso endereço está na Internet
onde contém informações sobre o Projeto Teleporto Alegre e estamos à disposição
para outros esclarecimentos sobre o Projeto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, quando fomos consultados
a respeito da possibilidade de apresentarmos este Projeto Teleporto Alegre aqui
na Câmara, estávamos certos de que seria muito bom que os Vereadores
conhecessem este Projeto que tem a participação da PROCEMPA num convênio feito
com a EMBRATEL. Acreditamos que esse Projeto vai trazer para as nossas
comunicações e da Cidade, avanços e melhorias extremamente importantes através
de infovia.
O
Santanna estava dizendo, para mim, que, instalada esta linha de fibra óptica,
nós vamos poder, por exemplo, transmitir as Sessões da Câmara em sinal direto
para a NET. Fizemos uma consulta no mercado, hoje, sobre o custo das
transmissões diretas das Sessões para a NET. Teríamos que comprar um
equipamento, uma antena, que custaria cerca de 80 mil reais, pelas consultas
realizadas. Através das fibras ópticas seria possível, - de acordo com o que me diz o Santanna, que
é o homem especializado no assunto - mandar as nossas imagens diretamente, sem
a necessidade desse equipamento aqui na Câmara de Vereadores. O que faz,
inclusive, com que haja uma rediscussão, já que existe uma predisposição da NET
de que essas imagens sejam enviadas diretamente e não mais da forma como são
atualmente, já que em breve nós teremos a possibilidade das fibras óticas.
O
Sr. Rogério Santanna vai dar maiores explicações aos Srs. Vereadores.
O SR. ROGÉRIO SANTANNA: Como o Presidente mencionou, de fato isso
cria uma infra-estrutura tecnológica que nos permite transitar sinais de vídeo.
E não só isso, como outras informações de transmissão de dados, inclusive a
telefonia da Prefeitura. Hoje, 80% das ligações telefônicas da Prefeitura
Municipal são entre secretarias. Com essa infra-estrutura, as ligações seriam
como ramal-a-ramal, sem tarifação, o que implica numa redução de custos com os
gastos em telecomunicação, além de aumentar muito a capacidade disponível. A
qualidade dos serviços muda muito.
Eu
dizia ao Presidente da Câmara que um sinal de vídeo, como este gravado aqui
neste instante, poderá ser disponibilizado a toda a rede. Tecnicamente isso é
possível a partir dessa infovia. Por exemplo, um aluno da universidade poderá
assistir, em seu computador, ao que está acontecendo aqui neste Plenário, neste
instante, sem nenhuma diferença significativa de tempo entre esta Sessão e o
tempo em que ele vai visualizar isso, devido à velocidade da transmissão de
dados que a infovia oferece.
Quero ressaltar que Porto Alegre é a primeira capital do País a obter essa tecnologia. E isso que nós estamos fazendo aqui não é nenhuma invenção ou novidade nossa. Em Estocolmo, na Suécia, já existem 25 operadoras de serviço em cima de uma rede de fibras óticas. Na Galícia, na Espanha, estão sendo lançadas fibras óticas, que estão levando a tecnologia até as comunidades rurais. São inúmeras as cidades do mundo que estão trabalhando para criar essa infra-estrutura, porque é ela que informará o comércio eletrônico, as tecnologias de mídia e comunicação, infra-estrutura básica para o futuro da cidade no que se refere à presença no comércio eletrônico, que é hoje um tema da ALCA, um tema do debate do Mercosul, enfim, é um tema da pauta das exportações brasileiras, e é importantíssimo para o desenvolvimento econômico da cidade que ela possa dispor da infra-estrutura capaz de oferecer um nível de serviço de forma que as pequenas e médias empresas possam, também, a médio prazo, depois de superada essa primeira fase, usufruir dessa infra-estrutura para oferecer seu serviço.
Estou
à disposição para algum esclarecimento especial que os Srs. Vereadores queiram.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, quero cumprimentar o
Presidente da PROCEMPA, Sr. Rogério Santanna, e o Sr. Marcelo Branco,
Coordenador do Projeto, e parabenizá-los por esse avanço significativo que a
cidade terá e perguntar: os custos do projeto; quem está bancando - parceria
PROCEMPA e EMBRATEL - ; o prazo, já foi informado, que é em setembro de 1999,
talvez possa abrir um pouco mais esses prazos; e a relação que se estabelece
com o usuário doméstico. Por exemplo, na minha residência, estou ligado na
Internet, através da PROCEMPA, um provedor, nós também vamos navegar pela
infovia? Quando necessitar de acesso à Câmara, a uma Secretaria ou a própria
Prefeitura também entramos nessa rede de maior velocidade?
São
essas as indagações e quero parabenizá-los por esse trabalho que é, sem dúvida,
pioneiro e importante.
O SR. ROGÉRIO SANTANNA: Ver. Guilherme Barbosa, começo pelo final
de suas indagações. De fato, quando alguém estiver conectado, não só através da
PROCEMPA, mas, por exemplo, através da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul ou de qualquer outra universidade, a sua demanda de informação será juntada
a outras demandas e, certamente, navegará por essa infovia e significará
melhoria de velocidade de transferência de conteúdo. Essa infra-estrutura é
assim mesmo.
Com
referência aos custos previstos pela Companhia estão baseados em dois raciocínios
básicos: a primeira delas é a economia de custos em função do atual sistema de
transmissão de dados, que estimamos que podemos reduzir a um terço o valor
gasto atualmente para os atuais níveis de serviço, oferecendo serviços dez mil
vezes mais rápidos, ou seja, com um terço mais barato, dez mil vezes mais
rápido. Nós vamos poder comunicar a Câmara de Vereadores, a Secretaria da
Fazenda e a todos os prédios públicos. Esse é um aspecto.
A
rubrica que se refere aos equipamentos que iluminarão a fibra está prevista no
Projeto do BID, aprovado por esta Casa. É uma rubrica que prevê o custo de 1
milhão e 750 mil dólares para a aquisição dos Kits necessários para a
iluminação dessas fibras que a EMBRATEL nos entregará, sem custo nenhum, nem
para a PROCEMPA e nem para a Prefeitura, que não seja a cooperação tecnológica
para o lançamento dessas fibras e o compartilhamento dos ductos de iluminação
pública que são a contrapartida da Prefeitura e da PROCEMPA, no sentido de
economizar custos, para não ter que haver muitas perfurações. E, com isso,
recebendo da EMBRATEL, o direito de utilizar essas fibras por vinte e cinco
anos.
Fomos
atendidos em todas as fibras que solicitamos. O atendimento foi de 100%, sem
nenhum dispêndio por parte da Companhia e nem do Município de Porto Alegre.
Após os vinte e cinco anos, se esse Convênio de Cooperação não for renovado, as
fibras que o Município de Porto Alegre usa permanecerão de propriedade do
Município. Portanto, essa infra-estrutura é uma estrutura perene, a partir
desse Convênio. A colocação dos ductos, tudo isso, é por conta da EMBRATEL.
Essa é a contrapartida da EMBRATEL para poder compartilhar.
Os
Senhores puderam ver no Mapa que grande parte desses ductos não precisaram ser
escavados porque puderam ser compartilhados por outros ductos, já construídos
pela Prefeitura, de iluminação pública. Na parte que diz respeito ao Centro,
por exemplo, é uma das partes mais difíceis de ser atendidas pela densidade de redes e outras interferências,
onde uma escavação provocaria uma elevação de custos. É diferente de uma região
como a Av. Ipiranga, onde não há muitos problemas de interferências. Em algumas
partes mais difíceis como a Av. Farrapos, onde havia uma placa de concreto
muito grande, a EMBRATEL colocou recursos de tecnologia avançada que permite a
construção do ducto sem danificação da via. É uma navegator e faz o túnel por
baixo da pista, é monitorado computadorizadamente para saber o seu curso e
lança fibra por dentro desse ducto, sem danificar a pista. Esse processo foi
feito em todos os horários que impedisse alguma perturbação de trânsito, houve
todo um acordo com o EPTC para que fizéssemos em horários de menor
possibilidade de interferência no tráfego da Cidade.
O SR. MARCELO BRANCO: Na verdade, é curto e grosso, até para pensarmos
na Câmara de Vereadores. Então, a EMBRATEL tem interesses obviamente comerciais
em lançar a fibra ótica em Porto Alegre, como todas as outras empresas de
telecomunicações, agora que o monopólio foi quebrado, e a Prefeitura e a
PROCEMPA colocaram o seu “sim”, a
EMBRATEL vai colocar as fibras óticas na Cidade, só que nós queremos que tenha
uma contrapartida para o interesse público.
Então
é isso, a EMBRATEL está colocando fibras, o solo da Cidade está sendo perfurado
por fibras óticas, que vai render milhões para uma empresa como a EMBRATEL, tem
que ter uma contrapartida para o Município, e essa contrapartida é atender as
demandas da Prefeitura, as demandas do Teleporto Alegre. Ainda para
complementar o que o Rogério falou, um dado bastante interessante é que várias
empresas chegam à SMIC já sabendo desse projeto e se colocam interessadas em
vir para Porto Alegre a partir dessa iniciativa.
Portanto,
nós entendemos que é muito importante atrairmos investimentos a partir desse
diferencial, o diferencial de ser uma cidade que é uma referência tecnológica,
que se diferencia das demais capitais do País, por isso. Inclusive, o perfil
das empresas que vêm para Porto Alegre a partir desse referencial é o perfil
que nos interessa: indústrias limpas, que não poluem, que ocupem espaços
pequenos no cenário urbano, etc. Essa é uma das razões mais de caráter geral do
Projeto, é a atração de novos investimentos e também com aquela velha marca
registrada: a EMBRATEL quer fazer uma obra na Cidade, pois bem, faça, mas o que
essa obra vai resultar em benefício da população? Em benefício da população é
entregar para nós 72 pares de fibras óticas que estão ligando os principais
prédios da Prefeitura, PUC, UFRGS, etc.
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, o importante de tudo
isso é que o Município, através da PROCEMPA, trabalhe junto com a EMBRATEL sem
que haja os custos para o Município de Porto Alegre e cause benefícios para
toda a população, porque é um convênio entre uma empresa federal e uma empresa
municipal, visando o benefício da população de Porto Alegre. Isso realmente
fica bem entendido para os Srs. Vereadores.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Apenas uma pequena indagação, não sem
antes cumprimentá-los pela apresentação do Projeto. Os órgãos do Estado e a
Assembléia Legislativa não estão incorporados?
O SR. ROGÉRIO SANTANNA: Nesta primeira fase não estão, mas nada
impede que o convênio possa ser estendido, a médio prazo, até porque tínhamos
uma demanda de serviço e de orçamento restritos para a iluminação da fibra, que
se referia a nossa premência de resolver os atuais problemas de comunicação que
temos entre os nossos prédios e os da Prefeitura. Como o nosso Orçamento também
era restrito, nessa primeira fase, nós optamos por fazer essa implementação
nessa parte. O Projeto Teleporto Alegre, como um todo, procura congregar não só
as fibras construídas pela Prefeitura de Porto Alegre em parceria com a
EMBRATEL, mas com outras redes de fibras como a da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, da Pontifícia Universidade Católica e até mesmo do Governo do
Estado, que tem os seus próprios canais de fibras. Este Projeto cria um
protocolo único de comunicação entre eles.
Esse
congraçamento está previsto mais adiante, assim que haja mais maturidade
tecnológica e massa crítica no gerenciamento dessa parte que envolve a
Prefeitura de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Sr. Rogério Santanna, queremos agradecer
a sua presença e também a do Sr. Marcelo Branco, aqui, para elucidar aos Srs. Vereadores e,
inclusive, a todos àqueles que acompanham o Canal 16 e ao público que vem aqui
na Câmara Municipal, a respeito deste projeto que é extremamente importante.
Ressalto, mais uma vez, que saudamos esta união entre a EMBRATEL e a PROCEMPA
nesse trabalho, pois acreditamos que as duas empresas estão trabalhando em prol
da comunidade. Os trabalhos estão suspensos, por um minuto.
(Suspendem-se
os trabalhos às 15h41min.)
O
SR. PRESIDENTE (às 15h44min): Reabrimos
os trabalhos da presente Sessão e passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC.
3217/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 043/98, que dispõe sobre o licenciamento
ambiental no Município de Porto Alegre, cria a Taxa de Licenciamento Ambiental
e dá outras providências.
O SR. PRESIDENTE O Ver. João Dib está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o
Executivo entrou, hoje, com um Projeto solicitando autorização para tratar de
licenciamento ambiental e criando uma taxa de licenciamento.
Nós
estamos no final do ano, e eu considero um desrespeito o Executivo trazer essa
matéria à consideração de todos nós, quando nós ainda temos que votar o
orçamento para 1999 e o Plano Diretor.
Além
disso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Projeto traz uma tabela de valores
em reais. Em lei, geralmente, coloca-se a unidade fiscal municipal - a UFM.
Então, a primeira visão do Projeto já é complicada.
Há,
ainda, um anexo em que se estudam licenças únicas, licenças prévias, licença de
instalação, licença de operação, grau de poluição: baixo, médio e alto.
É
muito complicado o Projeto. Ele deveria ter entrado aqui junto com a Proposta
Orçamentária para o ano que vem. Saúde e paz. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Quero dar aos Srs. Vereadores uma
informação sobre o painel de votação. Eu solicitei que nós possibilitássemos,
hoje, que os Srs. Vereadores visualizassem os seus nomes no painel. Isso apenas
para que nós possamos antever como ele funcionará, o que, possivelmente,
ocorrerá a partir da semana que vem.
Nesta
próxima sexta-feira o pessoal da Diretoria Legislativa estará realizando um
treinamento.
Há
correções a serem feitas, como nomes de Vereadores. Isso já estará corrigido
quando, na sexta-feira, o painel estiver sendo colocado para treinamento.
Hoje
ele está apenas sendo visualizado para que os Srs. Vereadores possam ter uma
noção de como serão os nossos processos de votação, a partir, possivelmente, da
semana que vem.
O
Ver. Cyro Martini está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Vereadores, traz-me a esta tribuna discutir, debater Projeto de Lei encaminhado
a esta Casa pelo Executivo, que trata da instituição do licenciamento ambiental
no nosso Município, criando a Taxa de Licenciamento Ambiental e estabelecendo
outras providências.
Realmente,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o problema da poluição ambiental, quer da
água, quer do ar, quer de outros meios, é séria nos dias de hoje, e coloca-nos
profundas preocupações, dramáticas questões, sobre as quais temos que nos
debruçar para buscar soluções. Não podemos ficar acomodados, nem podemos
criticar, pura e simplesmente, por razões de ordem perfunctória, o
encaminhamento de projetos desta ordem para esta Casa. A preocupação básica que
ele encerra é que deve nortear a nossa reflexão, a nossa avaliação.
Nos
dias de hoje, quando vemos as nossas águas, as nossas correntes de água
neutralizadas sob o aspecto da serventia para o ser humano, sob vários ângulos,
isso não permite que nós tenhamos momentos através dos quais procuremos cuidar
e dar atenção para esse problema.
Quando
vemos as nossas águas, como o Rio Guaíba, contaminadas em toda a sua extensão,
apenas permitindo a balneabilidade no Lami, um volume de água dessa ordem, que
poderia servir, tranqüilamente, para fins potáveis e balneáveis, nós temos que
ficar tristes, principalmente aqueles que, como nós, tiveram a oportunidade de
usufruir, em toda a sua intensidade, as águas do Guaíba nas suas diversas
praias de lazer.
Eu
sempre digo, com relação aos jovens, que eles não terão a oportunidade de
conhecer o prazer, o lazer que as águas do Guaíba nos ofereceram em outros
tempos. Fico triste quando constato essa realidade.
Quando
a Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, se preocupa com
a qualidade da água, com a qualidade do ar, para permitir um ambiente sadio
para a vida humana, nós temos que correr para parabenizá-la, e nunca para
criticá-la, no sentido de reconhecer que estamos procurando soluções.
Não
podemos ficar olhando para o nosso tráfego, pura e simplesmente, enquanto os
escapamentos de gases dos veículos automotores produzem a contaminação do ar.
Essas realidades todas reclamam que nós atentemos para o meio ambiente e para
as soluções.
Não
é apenas por ter encaminhado agora ou traduzido os valores em números reais,
como quer o Ver. João Dib criticar, que nós vamos desmerecer essa preocupação
do Município. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o único
projeto que está na Pauta no dia de hoje, é um Projeto que cria uma nova taxa
no Município, essa taxa que é apresentada como sendo a Taxa de Licenciamento
Ambiental e dá outras providências. Eu tomo contato pela vez primeira com o
assunto, que diz: “A Constituição Federal, quando dispõe da atividade
econômica, no art. 170, Parágrafo Único, afirma que é assegurado a todos o
livre exercício dessas, independente de autorização de órgãos públicos, salvo
nos casos previstos em lei, que é a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente
nº 6.938/81, que estabelece, no seu art. 9º, inciso IV, que o licenciamento
ambiental e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, são
instrumento da política nacional do meio ambiente. Nesse sentido, o
licenciamento ambiental para a localização, instalação, ampliação e a operação
de empreendimentos utilizadores de recursos ambientais considerados efetiva ou
potencialmente poluidores, ou daqueles que, sob qualquer forma, possam causar
degradação ambiental, é um condicionamento para o livre exercício dessas
atividades econômicas”.
Na
matéria ambiental, a intervenção do Poder Público tem orientação principal da
prevenção de dano. A Constituição Federal, em seu artigo 225, “caput”, bem como
a Lei Orgânica do Município, refere que a “obrigatoriedade do Poder Público é
de defender o meio ambiente. Grande parte dos problemas ambientais que nos
afetam decorrem da falta de informação sobre os instrumentos disponíveis para a
gestão dos recursos ambientais”.
E
por aí vai, a exposição é longa, eu perderia todo o meu tempo lendo a exposição
para encaminhar o Projeto de Lei que dispõe sobre o licenciamento ambiental no
Município de Porto Alegre, cria Taxa de Licenciamento Ambiental e dá outras
providências. Acho que todo discurso de preservação do meio ambiente é
pacífico, é tranqüilo. A coisa começa a pegar quando se fala na criação de uma
nova taxa, e é nessa linha que precisamos, evidentemente, centrar a nossa
análise, que vai iniciar no presente momento, até com o socorro, não solicitado
mas bem recebido, do Ver. Gerson Almeida, que consta, pelo noticiário, que será
o futuro Presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente.
O Sr. Gerson Almeida: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Caro Vereador, são apenas especulações. Queria só, num aparte ao
seu pronunciamento que, como sempre, trata com rigor as questões da Pauta,
dizer que esse Projeto vem para a Câmara exatamente a partir de uma revisão,
através do Conselho Nacional do Meio Ambiente, da normatização do
licenciamento. Porque já há taxas, mas são reguladas no âmbito estadual, e há
uma política do próprio órgão estadual e do País em direção à municipalização
para acelerar e qualificar esses licenciamentos. É nesse sentido que ele vem,
agora, para a Câmara de Vereadores para a nossa avaliação.
O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço a V. Ex.ª pelo aparte, que disse
que, certamente, seria esclarecedor, pois V. Ex.ª milita na área, mas, evidentemente,
ainda continuamos sob o impacto da informação de que temos uma nova taxa. E
toda a vez que se cria uma taxa nova, um imposto novo, naturalmente que temos
preocupações. Segundo o art. 14, “Fica criada a Taxa de Licenciamento
Ambiental, a qual tem por gerador o exercício do poder de polícia decorrente do
licenciamento ambiental para o exercício de atividades no âmbito do Município”.
“É contribuinte da Taxa de Licenciamento Ambiental o empreendedor público ou
privado responsável pelo pedido de licença ambiental para o exercício da
atividade respectiva. A taxa de licenciamento ambiental, bem como a sua
renovação, deverá ser recolhida previamente ao pedido de licença, ou de sua
renovação sendo seus pagamentos pressupostos para análise dos projetos. A taxa
de licenciamento ambiental terá seu valor arbitrado, dependendo do porte do
empreendimento, e do potencial poluidor da atividade proposta pelo
empreendedor, de acordo com a tabela contida no anexo 2º dessa lei”. Diz ainda o art. 17, em seu parágrafo único
que, “para a renovação de licença não sujeita a novos estudos, o valor dessa
taxa corresponderá a 50% daquele estabelecido na tabela anexa. art. 18;
aplica-se, no que couber, a Legislação Tributária do Município de Porto
Alegre”.
O
assunto comentado na exigüidade que o tempo nos permite fica difícil. Como
estamos abrindo esse debate, e a ele voltaremos, até como uma medida cautelar.
Como esse projeto corre Pauta no dia de hoje, provavelmente quarta-feira
próxima estará com a Pauta percorrida. Estou pressentindo um Pedido de
Urgência, considero muito perigoso urgência numa matéria dessas, discutir sem
uma análise maior.
O Sr. João Dib: V. Ex.ª me permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, V. Ex.ª coloca muito bem o problema,
precisamos de cautela, são taxas de 55
mil e 750 reais num projeto que entra na undécima hora, não temos tempo
de analisar tudo que há aqui é a legislação colocada pela Procuradoria da Casa,
porque do Executivo só veio uma Exposição de Motivos, o Projeto de Lei e as
tabelas. Não se faz projeto de lei atribuindo valores em reais e sim em UFIRs
ou Unidade Fiscal Municipal.
O SR. REGINALDO PUJOL: O aparte de V. Ex.ª traz uma contribuição
extremamente positiva. Vou ter cautela para enfocar esse assunto e me prevenir
de futuras manobras positivas e legítimas que possam ser tentadas. Diversamente
de outras situações, penso ser muito difícil que alguém encontre algum
argumento que me imponha a urgência para essa matéria, porque ela não deve ser
tão urgente, senão ela não teria sido encaminhada para esta Casa tão
tardiamente. Certamente há algum motivo determinado para ela chegar somente
agora. Só veio neste momento com o qual nos deparamos com a necessidade de
agilizar os trabalho de exame do II Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
Ambiental, do Orçamento, etc. Vamos ter o cuidado, cautela e calma necessária
para que não se proceda de forma equivocada no interesse da Cidade. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra Desiste. O Ver. Antônio Losada está com a palavra para discutir a
Pauta.
O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
quero destacar a importância do Projeto de Lei do Executivo que dispõe sobre o
Licenciamento Ambiental no Município de Porto Alegre. Essa taxa de
licenciamento proposta pelo Projeto do Executivo já existe, ela é arrecadada
pela FEPAM. O Projeto do Município estabelece que a fiscalização, o controle e
a arrecadação dessa taxa passe para o Município, isto é, ele tem condições
superiores às da FEPAM, que é um órgão estadual que não tem a possibilidade de
estar próximo da nossa indústria, das atividades poluidoras da Cidade de Porto
Alegre.
Essa
taxa, efetivamente, vem possibilitar que o Município venha a desenvolver uma
fiscalização mais severa, mais rigorosa em defesa do meio ambiente. Sabemos o
quanto o DMAE vem gastando com a despoluição do nosso Guaíba. É uma importância
muito grande de valores que poderiam estar sendo aplicados em outras atividades
do Município. Entretanto, a tarefa fundamental de despoluir o Guaíba vem
beneficiar o porto-alegrense.
Podemos
exemplificar as atividades que vão ser fiscalizadas, de uma maneira bem
próxima, pelo Município. De acordo com os critérios da Secretaria do Meio
Ambiente poderão ser exigidos os seguintes estudos, dentre outros, que o órgão
ambiental entender necessário: estudo de tráfego, levantamento de vegetação,
impactos dos solos e rochas, impactos da infra-estrutura urbana, impactos
paisagísticos, impacto do patrimônio histórico-cultural, impacto da volumetria
das edificações - o que vem se discutindo muito no nosso Plano Diretor -,
impactos na fauna, impactos na paisagem urbana, estudos sócioeconômicos, todas
essas atividades, todos os licenciamentos relativos a essas atividades.
O
Município, sem dúvida, por estar mais próximo dessas atividades, terá a
possibilidade de uma melhor fiscalização, além de essa taxa servir de um fundo
para reverter na defesa do meio ambiente.
O Sr. João Dib: V. Ex.ª me permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Losada, vejo que está havendo muita confusão aqui: uns
dizendo que o Guaíba vai ser despoluído; outros, que o Arroio Dilúvio vai ser
despoluído. A taxa não é isso. A taxa é de licenciamento para determinadas
atividades, dependendo, inclusive, do porte da instalação. Então, não é para
despoluir o Arroio Dilúvio. Ela deveria ser muito mais bem estudada, deveria
ter sido entregue com mais tempo. Agora, o que precisamos dar conta é que
precisa ser aprovada este ano para entrar em vigor no ano que vem. E isso é
extremamente difícil.
O SR. ANTÔNIO LOSADA: Esta taxa vai possibilitar o
licenciamento fornecido pelo Município. O Município vai agir preventivamente
com a poluição, não só do Guaíba como dos rios e a poluição do ar, do ambiente.
Portanto, o Município terá a possibilidade de estar, através desta taxa,
controlando estas atividades e evitando a poluição dos rios, do ar e do meio
ambiente. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Ver. Guilherme Barbosa. Ausente. O Ver.
Gerson Almeida está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. De
fato, a proposta do Projeto que vem à Casa para o debate, neste momento, que
dispõe sobre o Licenciamento Ambiental no Município de Porto Alegre e cria
taxas de licenciamento ambiental, vem, mesmo que no final do ano, com um
objetivo muito claro, que é, ao conseguirmos, após o debate, os esclarecimentos
suficientes a todas as Bancadas, ser votado ainda este ano para que esta taxa
possa prevalecer no ano que vem. É cristalino este interesse, este objetivo.
O Sr. Renato Guimarães: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Gerson Almeida, para contribuir com esta parte da sua fala no
sentido de que a Casa possa fazer um amplo debate sobre a questão da lei do
licenciamento ambiental, informo que no dia 03 de dezembro, às 14h30min, haverá
reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, onde o Secretário do Meio
Ambiente Municipal vai apresentar a proposta e vamos fazer uma discussão na
Comissão. Será mais um momento quando a Casa vai poder se apropriar desse
projeto.
O SR. GERSON ALMEIDA: Obrigado, Ver. Renato Guimarães. Queria
colocar, em primeiro lugar, o seguinte: as resoluções do Conselho Nacional de
Meio Ambiente, inclusive, a mais importante para essa questão, foram em
dezembro de 1997. Passa-se quase um ano. De lá para cá, quando o Conselho,
CONAMA, alterou os dispositivos que tratam da questão do licenciamento
ambiental, é uma prerrogativa que o Estado e os Municípios possuem. A partir
daí, inúmeros Municípios que já têm políticas articuladas de gestão ambiental
urbana começaram a se preparar para poder ter a capacitação necessária para
passar a ser órgãos licenciadores.
No
caso de Porto Alegre, já licenciamos algumas atividades porque, de um modo
geral, é a FEPAM o órgão licenciador. Há uma dualidade, uma dubiedade, e há,
muitas vezes, um sombreamento de responsabilidades, porque é da ciência de
todos que o Município de Porto Alegre possui uma ampla, ativa política de
gestão ambiental. Inclusive, o Estado do Rio Grande do Sul tem tradição, temos
as primeiras leis contra agrotóxicos, um movimento pioneiro e a primeira
Secretaria Municipal, que é a nossa SMAM.
Portanto,
em o CONAMA alterando os dispositivos do licenciamento ambiental, é
perfeitamente plausível, inclusive atende a uma política que a FEPAM tem
instituída nessa gestão, nesse Governo que finda no final deste ano, que é a de
fazer convênios com os Municípios liberando-os das tarefas de licenciamento que
até então eram exclusivas da FEPAM, exclusivas administrativamente. Desde a
Constituição de 1988, já era prerrogativa do Município fazê-lo, no entanto, por
uma questão administrativa, política e até operacional era o órgão estadual que
fazia. Há três anos que a FEPAM tem feito vários convênios com os
municípios. Porto Alegre, que já
licencia em várias áreas, quer se adequar e assumir o conjunto do licenciamento
naquilo que é prerrogativa do Município, para que as atribuições fiquem bem demarcadas
e com dois objetivo básicos que beneficiam o público: primeiro, os
licenciamentos serão mais rápidos e muito mais precisos, porque os pequenos
empreendimentos, aqueles empreendimentos que precisam, pela natureza de suas
atividades, que são potencialmente poluidores, precisam do licenciamento
ambiental é evidente que têm o licenciamento muito mais demorado se ele for
hipercentralizado no órgão estadual, portanto, o Município permite uma
agilidade e uma capacidade de controle maior; segundo, a proteção ambiental,
com certeza, é muito mais rigorosa, porque, por menor que seja, tem um
atendimento “in loco”, coisa que no Estado é impossível.
Por
último, a taxa não cria, a rigor, algo novo em termos de licenciamento, porque
essa taxa já existe no nível estadual, na verdade, com a prerrogativa deste
Projeto, vem para o Município.
Pretendo
voltar a este assunto nas próximas duas sessões, porque se não houver óbice de
natureza tão radical, seria muito importante tratarmos melhor do assunto. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa declara empossado, o Suplente,
Ver. José Antonio Leão de Medeiros em substituição à Ver.ª Tereza Franco, nos
termos regimentais. O Ver. Leão de Medeiros integrará a Comissão de Economia de
Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. Face ao Requerimento de licença da
Ver.ª Tereza Franco anteriormente apregoado.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Havendo quórum, passamos a
O SR. REGINALDO PUJOL (Requerimento): Sr. Presidente, é desagradável para nós,
mas, foi consignado, na passagem do dia de ontem, para hoje, o passamento da
Sr.ª Teresinha Silva, esposa do Dr. Ênio Silva. Destacada líder comunitária,
integrante e sócia-honorária do Rotary Club Partenon. A quem eu requeiro, antes
de entrarmos na Ordem do Dia, conforme esta Casa normalmente faz, seja feito um
minuto de silêncio.
Solicito
que V. Ex.ª nos permita que, neste final de tarde, nós possamos comparecer, e
até nos alvoraríamos a requerer a representação da Casa, nas exéquias que serão
realizadas às 17h15min, do dia de hoje.
O SR. PRESIDENTE: Com certeza, Ver. Reginaldo Pujol, o
Requerimento de V. Ex.ª é acatado pela Mesa. E nós transformamos essas
homenagens póstumas na homenagem da Casa do Povo de Porto Alegre.
Solicito,
de acordo com o requerido, que os Srs. Vereadores observem um minuto de
silêncio pelo falecimento da Sr.ª Teresinha Silva.
(É
procedido um minuto de silêncio.)
O SR. PRESIDENTE: Para um requerimento tem a palavra o Ver.
Renato Guimarães.
O SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento): Sr. Presidente, por acordo das lideranças
faço um Requerimento no sentido de que os projetos (págs. 6 e 19), PLL nº 157/96 e PLE nº 035/98, sejam os
primeiros a ser votados na Ordem do Dia.
O SR. PRESIDENTE: Está em votação o Requerimento que acaba
de ser formulado. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Solicito
ao Ver. Elói Guimarães, Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, que
faça uma reunião conjunta das Comissões.
Estão
suspensos os trabalhos da presente Sessão para a reunião conjunta das Comissões
Permanentes.
(Suspendem-se
os trabalhos às 16h25min.)
O SR. PRESIDENTE (às 16h44min): Estão reabertos os trabalhos.
PROC.
2545/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 157/96, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que
inclui a Carreata Natalina do Bairro Menino Deus no Calendário Oficial de
Eventos de Porto Alegre e dá outras providências. Com Emenda nº 01.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator Ver. Cyro Martini: pela rejeição do Projeto; Relator
Ver. Guilherme Barbosa: pela rejeição da Emenda nº 01;
- da CEFOR. Relator Ver. Adeli Sell: pela rejeição do Projeto e da
Emenda nº 01;
- da CUTHAB. Relator Ver. Décio Schauren: pela rejeição do Projeto e da
Emenda nº 01;
- da CECE. Relator Ver. Carlos Garcia: pela aprovação do Projeto e da
Emenda nº 01.
O SR. PRESIDENTE Discussão geral e votação o PLL nº
157/96. Em discussão. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com abstenção dos Vereadores
Guilherme Barbosa, Juarez Pinheiro, Antônio Losada e Henrique Fontana.
Em
votação a Emenda nº 1 ao PLL nº 157/96. Os Srs. Vereadores que a aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA
com abstenção dos Vers. Guilherme Barbosa, Clovis Ilgenfritz e Antônio Losada.
O SR. 1º SECRETÁRIO: Apregoamos a Subemenda nº 1 à Emenda nº
12, aposto ao PLE nº 035/98, subscrita pela Ver.ª Maria do Rosário e pela
maioria dos integrantes da CEFOR.
Apregoamos
a Subemenda nº 1 à Emenda nº 7 aposta ao PLE nº 035/98, subscrita pela CEFOR.
Apregoamos,
ainda, a Emenda nº 14, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia e subscrita
pelos membros da CEFOR.
PROC.
2888/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 035/98, que estima a Receita e fixa a Despesa da
Administração Direta do Município para o exercício econômico-financeiro de
1999. Com Anexos I e II. Com Emendas nºs
01 a 13.
Parecer:
-
da CEFOR. Relator Ver. Adeli Sell: pela aprovação do Projeto e pela
rejeição das Emendas nºs 01 a 11.
Observações:
- o Projeto será votado com as Emendas
com Parecer pela aprovação, nos termos do Art. 120, VI, do Regimento da CMPA;
- para a votação em
separado de Emenda com Parecer pela aprovação ou rejeição, será necessário
requerimento nesse sentido, subscrito por um terço dos membros da Casa – Art.
120, VI, do Regimento da CMPA;
- somente Emendas
subscritas pela maioria dos membros da CEFOR são admitidas nesta fase (Art.
120, Parágrafo único, do Regimento);
- “quorum” para aprovação: maioria
simples de votos, presente a maioria absoluta dos Vereadores – Art. 53,
“caput”, c/c Art. 82, “caput”, da LOM.
O SR. PRESIDENTE: Discussão geral e votação o PLE nº 035/98.
A SRA. SÔNIA SANTOS (Questão de Ordem): Sr. Presidente, antes que entrarmos na discussão
do Projeto, eu gostaria de levantar a questão quanto ao projeto do II Plano
Diretor, pois não ficou definido, na nossa última reunião da Comissão Especial,
como será feito o parecer: se em forma de Substitutivo ou de Emendas.
Também
recebi o parecer da Procuradoria a respeito das duas questões levantadas; é
bastante complicada a questão abordada pelo nosso Procurador. Além disso, tem a
questão da inexistência de mapas, nós estamos com prejuízo para formular esse
parecer. Eu gostaria de, por parte da nossa Comissão Especial, uma manifestação
para que venhamos a fazê-lo, em concordância com todos, dentro daquilo que é o
melhor para esta Casa.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de
Ordem): Sr. Presidente,
eu quero fazer eco à Ver.ª Sônia Santos, aproveitando que o Ver. Nereu D’Ávila
é o Presidente da Comissão e está presente, eu havia levantado algumas Questões
de Ordem na quarta-feira passada, no âmbito da Comissão.
A
minha preocupação é a de que eu defendo claramente que devemos fazer a votação
dos projetos neste ano, mas que isso seja feito dentro da responsabilidade que
a Casa tem, bem como cada Vereador. E, pessoalmente, eu tenho preocupação com
relação à forma de encaminhamento da Mensagem Retificativa. Eu já montei várias
Emendas que passaram a ter alguns problemas em relação à Mensagem Retificativa.
Há algumas coisas que a Comissão tem que definir antes de começarmos a fazer
esse trabalho final dos relatores, até porque, depois, entra um novo período de
emendas, e eu gostaria de ter uma orientação bem clara neste sentido.
Então,
eu quero corroborar a posição da Ver.ª Sônia Santos e, embora utilizando este
espaço de Plenário, pois não temos outro neste momento, quero requerer à Mesa a
possibilidade de que tivéssemos uma reunião da Comissão Especial para
discutirmos entre nós exatamente a maneira desses encaminhamentos finais.
O SR. PRESIDENTE: O projeto ainda está na Comissão,
portanto, vamos ouvir o seu Presidente o Ver. Nereu D’Ávila.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente, a Vera. Sônia Santos, na
última reunião da primeira etapa, que concluía a instrução do processo e a
oitiva das trinta e duas entidades que se inscreveram, em julho, para o
depoimento perante a Comissão Especial. A Vereadora fez, por escrito, uma
indagação à própria Procuradoria. A resposta veio, e eu pedi que ela fosse
distribuída aos dezessete Vereadores da Comissão.
O
Ver. Antonio também levantou algumas questões sobre a apresentação de um
substitutivo ao Projeto do Plano Diretor. Ambas as manifestações - do Ver.
Antonio Hohlfeldt e da Ver.ª Sônia Santos - são de suma importância.
Eu
creio que, agora, com a manifestação verbal deles, eu teria que reunir a
Comissão novamente, porque este Vereador não tem competência, mesmo como
Presidente da Comissão, de, de moto próprio, decidir sobre matérias que dizem
respeito à globalidade do Projeto do II Plano Diretor.
Quero,
finalmente, dizer que eu, agora instado, vou marcar uma reunião para,
possivelmente, na próxima terça-feira, coloquemos em trâmite final o processo.
A
Ver.ª Sônia Santos ainda traz um agravante: ela é relatora parcial desse
Projeto e, conforme manifestou, ela se encontra em dificuldades para, no prazo
estabelecido pelo calendário, formular o seu parecer.
É,
realmente, uma situação de extrema gravidade, e eu - repito - não posso, não
devo e não tomarei, sozinho, de moto próprio, uma decisão de tal
transcendência. Por isso nós provavelmente na terça-feira próxima, reuniremos a
Comissão para deliberarmos em cima dessas duas formulações. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: A Ver.ª Maria do Rosário está com a
palavra.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de
Ordem): Sr. Presidente,
nós queremos registrar a nossa concordância de que essa questão diz respeito a
toda a Câmara, mas que ela pode ser resolvida no âmbito da Comissão, em especial
pelos relatores, porque compete a eles, justamente, realizar a tarefa de
apresentar o relatório, e nos parece que pela tomada parcial dos relatórios,
num primeiro momento, e também pela tarefa sistematizadora do Ver. Lauro
Hagemann, é possível os relatores combinarem e chegarem à determinada conclusão
sobre a melhor forma de trabalhar com a questão.
Concordamos
com o Ver. Nereu D’Ávila, e se for chamada uma reunião, estaremos
representados, com a nossa responsabilidade. Mas até essa reunião, os relatores
e a direção da Comissão, através do Ver. Nereu D’Ávila, tenha a possibilidade
de trabalhar esses elementos e nos trazer o que possa ser melhor para a
Comissão e para a tramitação do processo.
O SR. PRESIDENTE: Com relação à Mensagem Retificativa citada
pela Ver.ª Sônia Santos, o art. 100, parágrafo único dá uma definição clara de
como deve ser tratada. Tenho certeza de que os Vereadores que compõem a
Comissão, apesar de ter um Parecer que coloca um pouco de dúvida a respeito da
matéria. Mas os Srs. Vereadores poderão esclarecer a tramitação da Mensagem
Retificativa.
O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): A matéria tratada por V.Ex.ª, como a
questão levantada pelo Ver. Nereu D’Ávila tem uma importância fundamental neste
Projeto, talvez o mais importante que estamos apreciando este ano.
Quero
externar uma opinião no sentido de que o bem lançado Parecer, tive oportunidade
de lê-lo, ontem, do Assessor da Procuradoria, Bacharel Luiz Afonso, é um
Parecer muito bem embasado e a interpretação que dá, não é de que a Mensagem
Retificativa tem a mesma significação da Emenda, como colocado, respeito a
opinião de V. Ex.ª, parece que ele faz a diferença. A Mensagem Retificativa vem
colocada sobre o texto original, e o texto que era A, se a Mensagem é B, passa a
ser B. Apenas para registrar, pois entendo que razões jurídicas tão bem
colocadas têm que ser bem entendidas por esta Casa, porque é norteada de todo o
procedimento.
O SR. PRESIDENTE: Agradeço
pelas informações apresentadas, mas o art. 100, parágrafo único do nosso
Regimento, vai ser respeitado, e acredito que os Vereadores já têm a
consciência da necessidade de fazermos a matéria tramitar como diz o Regimento.
A SRA. SÔNIA SANTOS (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a questão levantada por
esta Vereadora, respaldada pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, da mesma forma pelo
nosso Presidente, é essa: o Parecer da Procuradoria. O nosso Procurador teve
esse entendimento e nós, baseados no Regimento, temos o entendimento de outra
forma: nós temos que produzir um parecer; nós temos um prazo; nós temos
responsabilidade sobre aquilo que vamos assinar, e estamos tendo dificuldades,
sim. Estamos buscando o respaldo dos demais membros da Comissão Especial, que
foi constituída para esse fim, para que todos, em conjunto, cheguemos a uma
conclusão e tragamos, finalmente, esse Projeto para ser votado no Plenário.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Eu posso afirmar que, como Presidente da
Casa, tenho a responsabilidade de fazer cumprir o Regimento e é isso que vou
procurar fazer assim como todos os Vereadores procuram fazer.
O SR. HÉLIO CORBELLINI (Questão de
Ordem): Sr. Presidente,
eu não quero discutir o mérito dessas questões, que deverão ser discutidas em
tempo oportuno, mas quero levantar uma preocupação, diante da fala do Presidente
da Comissão, de puxar uma reunião para terça-feira. Quero alertar aos
Vereadores da Comissão e aos relatores que o cronograma que nós montamos
expiraria no dia 30, como prazo de entrega do Relatório. Dia 30 é
segunda-feira; terça-feira nós já teremos passado, feito e elaborado o
Relatório. Se essa reunião de terça-feira pretende dar a forma do Relatório ou
a metodologia que iremos usar, ela é extemporânea, não tem sentido. Essa
questão tem que ser decidida hoje ou amanhã, que é o prazo final da entrega das
emendas. Aliás, é um número muito pequeno de emendas, e se persistir esse
pequeno número de emendas, dificilmente vai vingar a idéia do Substitutivo, que
é uma idéia interessante que temos que analisar, mas teremos que analisá-la em
cima da quantidade de emendas que vierem. Acredito que venham muitas emendas,
mas até agora são insignificantes, em relação ao tema, ao debate e às
contradições que existem.
Peço ao Sr. Presidente da
Comissão, que se for chamar a reunião da Comissão, a chame para amanhã, é necessário
que seja amanhã, que é o final do prazo das emendas. Ou, então, vá pela
sugestão da Vera. Maria do Rosário, de os Relatores decidirem essa questão.
Para nós tanto faz, só alertamos que essa decisão tem que ser feita até amanhã.
O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, de forma
bem objetiva. Em primeiro lugar, de forma alguma eu entendo que o parecer
contraria o art. 100. Por óbvio, temos que cumprir o Regimento da Casa e o
Parecer do Dr. Luiz Afonso. Em segundo lugar, Sr. Presidente, eu falava com o
Ver. Nereu D’Ávila, informalmente, e uma sugestão ao Presidente tanto da Casa,
como ao Ver. Nereu D’Ávila, de que de forma mais urgente possível, seria
importante reunir a Comissão e que o Parecer do Dr. Luiz Afonso fosse colocado em
apreciação. Esse é um juízo que acho que colabora com o bom andamento dos
trabalhos.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Juarez Pinheiro, não será a
Comissão, nenhum Vereador, nenhum Parecer, que vai mudar o Regimento. Se os
Vereadores quiserem mudar o Regimento da Casa terão que apresentar uma emenda
para mudá-lo. O que diz o art. 100 é que a Mensagem Retificativa deve tramitar
na Casa como Emenda, e assim o faremos.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, em função da fala do Ver. Hélio Corbellini,
quero registrar que na minha proposição, quanto à fala da Ver.ª Sônia Santos
quanto ao Substitutivo, ou não, é que deve ser trabalhado pelos Srs. Relatores.
A questão da entrada das emendas, eu acho que isso é questão da Casa como um
todo, é uma questão da Comissão como um todo. V. Ex.ª está respondendo, nós
temos outra ponderação do próprio Executivo, que temos o mesmo entendimento que
foi indicado pelo Sr. Procurador.
O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão e Ordem): Quero dizer a V.Ex.ª, que o Parecer do Dr.
Luiz Afonso cumpre o Regimento.
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, o Regimento da Casa, vou
mais uma vez dizer, não é uma questão da Comissão, é uma questão da Casa. E eu
cuido, como Presidente da Casa, em fazer cumprir o Regimento, e vai tramitar a
Mensagem Retificativa como emenda. Eu não vou, de forma nenhuma, como
Presidente da Casa permitir que tramite de outra forma.
Vou suspender os
trabalhos, a fim de que os Srs. Líderes possam chegar a um acordo a respeito do
Plano Diretor. Estão suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 17h07min.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz - às
17h22min): Estão
reabertos os trabalhos. As Lideranças já entraram em acordo, será feita uma
reunião da Comissão do Plano Diretor na próxima sexta-feira, quando, então,
essas questões maiores serão decididas.
Em
discussão o PLE nº 035/98. O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, entramos
no debate do orçamento de Porto Alegre para o próximo ano. Um bilhão e seis
milhões de reais, com as verbas do Sistema Único de Saúde. Uma discussão
acalorada que já se deu sobre a construção do orçamento em nossa Cidade. Nós,
da Bancada do Partido dos Trabalhadores, temos a grata honra de termos
inaugurado com o nosso governo, há dez anos, uma nova modalidade de discutir o
orçamento público municipal. Agora, mais do que nunca, a população de Porto
Alegre, o cidadão comum, aquele que mora na periferia, e não apenas aquele que
tem acesso aos meios de comunicação ou aquele que tem algum tipo de acesso ao
gabinete de Vereador, tem a possibilidade, pelo simples fato de se deslocar de
sua casa para uma reunião na sua comunidade, participar, construir o orçamento
de nossa Cidade. Por isso, inclusive, quando dei Parecer favorável ao orçamento
não levei apenas em conta as questões apresentadas pelo governo municipal, os
números, porque os números que ali estão são fruto de horas e horas de debates,
de discussões, de reflexões, de demandas de cidadãos que, nas reuniões do
orçamento participativo, disseram o que quiseram nas suas comunidades,
confrontaram os seus desejos, as suas demandas com cidadãos de outras partes da
Cidade. No Conselho do Orçamento Participativo houve decisões que, às vezes,
desgostaram algumas pessoas, porque queriam ver, imediatamente, atendidas todas
as suas demandas, mas o orçamento de uma cidade, de um estado, até mesmo
federal nunca dará conta de todas as demandas, mas deve dar conta das demandas
momentâneas, necessárias, é isso que o nosso orçamento está dando conta.
Orçamento que olha para as comunidades carentes e diz; “Prioridade é o
saneamento básico.” Ali estão as maiores verbas.
Por
que nós estamos contra as emendas apresentadas? Estamos contra porque algumas
delas já estão encaminhadas pelo Poder Público Municipal, portanto, não
necessitam de emendas, estão dentro do cronograma normal da Administração de
Porto Alegre. Há verbas gerais na Secretaria de Obras que darão conta de
algumas das demandas colocadas através de emendas. Fomos cautelosos, num primeiro
momento, não aceitando emendas do dinheiro desta Câmara Municipal. A nossa
bancada, através de mim, propôs subemendas para discutir na melhor forma, na
melhor condição e na melhor adequação as necessidades que foram levantadas.
Portanto, aqui estamos orgulhosos de chegar no dia vinte e cinco de novembro,
depois de várias discussões nas comunidades, como a discussão que fizemos aqui
neste Plenário e na Comissão de Economia. Agora podemos aprovar este Orçamento.
Peço que todos dêem o seu voto favorável ao Orçamento da nossa Porto Alegre, a
Cidade sorriso. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra
para discutir.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o
Orçamento é uma iniciativa, uma providência que obviamente a Prefeitura, o
Executivo, anualmente, tem de encaminhar à apreciação desta Casa. É o
instrumento com qual o Governo norteará, no ano de 1999, toda a administração,
em termos de aplicação dos recursos financeiros. Mas também o Projeto de
Orçamento é uma oportunidade para acentuarmos, assinalar providências futuras
que o Governo Municipal dará curso e que servirão para melhorar as condições de
vida da nossa Cidade. Uma obra em curso, em andamento, através do escritório
central que promove as desapropriações e outras iniciativas, que chama a
atenção e que coloca toda uma realidade plausível para o futuro da Cidade é
aquela que diz respeito à III Perimetral.
A
III Perimetral que, infelizmente, a Prefeitura não pôde providenciar antes por
falta de recursos, agora já conta com esses recursos, mas não totalmente, vai
depender desse encaminhamento do Orçamento para complementar os recursos
necessários para a plena abertura da III Perimetral. Já sabemos sobejamente o
que significa isso para Porto Alegre. As obras de arte, o alargamento das
avenidas que se estenderão do norte para o sul, do sul para o norte, de
Teresópolis ao Laçador proporcionarão desafogamento considerável para o nosso
tráfego. E no bojo dessa iniciativa referente à III Perimetral há uma outra
obra, também de extrema importância para a circulação veicular na Cidade de
Porto Alegre, que é a que diz respeito à terceira faixa para ida e vinda, o
alargamento em ambos os sentidos da avenida Bento Gonçalves. Tenho certeza de
que, no ano que vem, não ouviremos mais comentários nos programas de rádio da
nossa Cidade, seja da Rádio Gaúcha, Bandeirantes ou Guaíba, de que aquele
trecho do Passo do Sabão, na divisa de Viamão, até a Antônio de Carvalho, é o
trecho mais congestionado de Porto Alegre. Parece incrível, mas é verdade. A
primeira parte do alargamento já foi cumprido, do Passo do Sabão até a João de
Oliveira Remião. Falta continuar. Por isso esses recursos estão na Lei
Orçamentária - para permitir o alargamento daquela avenida.
E
assim também prevê a Lei Orçamentária a pavimentação de outras estradas que nós
classificamos, em Porto Alegre, de Avenidas. Vejam, por exemplo, como foi bom
para a cidade a pavimentação da Edgar Pires de Castro depois da Restinga até a
Igreja do Lami. E, assim, as obras, Sr. Presidente, nesse sentido, terão sempre
o nosso aplauso e tenho certeza absoluta do aplauso de V. Ex.ª, ainda mais
quando se trata do alargamento de uma avenida como a Av. Bento Gonçalves. Mas
mais contentes nós vamos ficar - e tenho certeza absoluta de que V. Ex.ª há de
concordar comigo -, quando nós construirmos um viaduto ou passarela sobre a
Bento Gonçalves ou sobre a Aparício Borges com a Salvador França, naquele
cruzamento que congestiona. Quando, também, pudermos realizar esta obra, nós
vamos ficar em termos de zona sudeste, o Grande Partenon, extremamente
contentes e felizes. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a
palavra para discutir o PLE nº 035/98.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Estamos
num dos momentos mais importantes desta Casa, anualmente, a votação do
Orçamento. Este Projeto original do Executivo recebeu, no âmbito da Comissão,
13 e, agora, mais uma, um total de 14 Emendas. Curiosamente, o Relator da
matéria, Ver. Adeli Sell, pura e simplesmente, rejeita as 13 Emendas, ou seja,
na tradução pura e simples, a Prefeitura Municipal envia um Orçamento para a
Casa discutir, mas quando a Casa discute e resolve modificar, o representante
da Bancada oficial, simplesmente, rejeita todas as emendas. Não cabe ao
Legislativo emendar, pode fazer o teatro das emendas, pode fazer a
representação do processo todo que aqui ocorre, mas, de fato, esta Casa não tem
o direito de emendar.
Do
discurso do Ver. Adeli Sell e do Ver. Cyro Martini, quem sabe lá de outros
discursos que se seguirão, de representantes do Partido dos Trabalhadores,
concluímos que, uma vez mais, de um lado, o Executivo descumpre uma legislação
aprovada por esta Casa, de minha autoria, que determina e define com clareza os
andamentos e as maneiras pelas quais cada Orçamento deve ser apresentado, o
anual, o plurianual e todos os demais e joga, uma vez mais, embora diga que não
o faça, representantes do Orçamento Participativo contra a representação
orgânica da eleição de dois anos atrás, que é a composição desta Casa. As
contradições, ao contrário do que dizia o Ver. Adeli Sell, não são
democráticas, nem um pouco democráticas, diga-se de passagem. A primeira
contradição é que o mesmo Governo que não aprova emendas do Legislativo, que
sequer discute com qualquer Vereador desta Casa toda e qualquer emenda
apresentada, rejeita “in limine” a todas as emendas, este mesmo Executivo que
se diz democrático, ao mesmo tempo, não cumpre, sequer, aquilo que assume
formalmente com o próprio Orçamento Participativo. Trinta, quarenta, cinqüenta
por cento das obras aprovadas no Orçamento, continuam sem serem concretizadas
pelo Executivo Municipal. Mais do que isso, rejeitam-se as emendas do
Legislativo, descumprem-se prazos que o Legislativo define e, depois, ainda se
diz que se tem respeito por esta Casa e que se é um poder democrático. Enquanto
poder, esse é o comportamento da Bancada do Governo.
Agora,
vejo o contrário na Assembléia Legislativa, que assistimos no correr desta
semana. Tradicionalmente, várias emendas, tentativa de mobilização de opinião
pública, busca de emendas populares, encaminhamento de debates, tentativas de
mudar os grandes rumos do Executivo e das linhas do Executivo, ao contrário do
que se faz aqui em que o Executivo rejeita todas as emendas, o Executivo
Estadual, ao longos dos anos, tem acatado algumas das emendas que vêm da
oposição.
Se
faz composições, se busca exatamente adquirir contribuições que a oposição
também é capaz de dar e não simplesmente se rejeita tudo e no todo como se faz
aqui na Casa.
Oportunamente,
o Vereador Nedel, que integra a Comissão de Finanças e Orçamento, fez os
destaques necessários às emendas apresentadas. Emendas que, no mérito, abordam
temas os mais diferentes possíveis, desde emendas extremamente simples, que se
preocupam, pura e simplesmente, em garantir um apoio, que eu diria que é um
apoio de bom senso a entidades como a APAE, - mas, que, talvez, porque não se
curvam à Administração Municipal jamais recebem qualquer apoio - desde emendas
extremamente simples deste tipo, até emendas que envolvem, inclusive,
diretamente esta Casa. Como por exemplo, a teimosia do Executivo Municipal, uma
espécie de tentativa de humilhação ao Poder Legislativo, de todo ano enviar
sempre a definição de um Orçamento do Legislativo menor do que aquele Orçamento
que nós já aprovamos, inclusive anteriormente, em relação ao Plurianual, ou
seja, teima-se em mandar orçamento de 3% ou 3,1/2% para esta Casa, quando já
temos 4% pré-definido, historicamente.
Esse
comportamento, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, contraditório, ao exercício
legislativo é o que quero deixar gizado aqui. Não é nada democrático, como
também não é democrático o que acaba sendo certa manipulação do Orçamento
Participativo que o Executivo faz, na medida em que finge aprovar e acatar
decisões do Orçamento para depois deixar de cumpri-lo, anualmente,
periodicamente.
Portanto,
o nosso registro e a garantia de que vamos lutar por cada uma das treze emendas
rejeitadas pelo relator. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Solicito que o Sr. Secretário apregoe o
Ofício nº 473/98, do Sr. Prefeito Municipal.
O 1º SR. SECRETÁRIO: Faço a leitura: “Ofício nº 473/98/GP.
Sr. Presidente, comunico a V. Ex.ª que deverei me ausentar do Município no dia
28 de novembro de 1998, às 13h25min e retorno no início da tarde do dia 1º de
dezembro de 1998. Nos dias 28 e 29 estarei em São Paulo participando da Reunião
do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, sem ônus para o Município
nesse trajeto. A seguir, participarei, na Cidade de Belém, Pará, da VII Reunião
do Fórum de Governantes das Cidades Metropolitanas; assumirá o Executivo o Sr.
José Fortunati, Vice-Prefeito”.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
discutir o PLE nº 035/98.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
Talvez, se o Prefeito Municipal de Porto Alegre permanecesse mais tempo aqui e
não só comunicasse viagens, já que a cada cinco dias viaja um, o Orçamento
Municipal fosse muito mais bem elaborado. Na minha simplicidade, vou dizer que
não gosto da proposta orçamentária. Como todos os anos, o Prefeito viajante
encaminha um Orçamento onde, agora, ele diz que as verbas do SUS não são
receitas e despesas correntes. No momento ele coloca, no Orçamento, 891 milhões
de reais; está incluído, mas depois ele diz que não. Na verdade, nós sabemos,
acompanhando a suplementação de verbas, que com o dinheiro do SUS são pagos
servidores municipais e não apenas prestadores de serviços, como pretende o
Executivo. O que me aborrece bastante é que o Orçamento não corresponde a uma
realidade. Nós temos, neste ano, uma
receita de capital da ordem de 57 milhões de reais; até setembro, apenas
3 milhões e meio haviam sido realizados; isso permite outras manobras na
execução orçamentária.
Para
o ano de 1999, ele traz receita de capital no valor de 81 milhões de reais, que
também não vai realizar; depois, ele vai fazer uma série de suplementações de
verbas considerando o excesso de arrecadação, que também não vai se realizar.
Por isso, as contas que são apresentadas nesta Casa merecem muitas restrições,
a começar pelo Orçamento e a execução orçamentária, que nós não conseguimos
saber exatamente a caixa preta que se constitui o Orçamento na Prefeitura.
Mas
tudo isso eu acho muito simples, muito tranqüilo. Agora, o que eu não consigo
entender é que o Ver. Adeli Sell, o Ver. Pedro Ruas e o Ver. Clovis Ilgenfritz
tenham rejeitado, na Comissão de Finanças, uma Emenda extremamente simples, uma
Emenda que o Dr. Ubiratan gostaria de ver realizada - tenho certeza -, pois é
tão simples e diz assim: “Nenhuma obra prevista pelo Orçamento Participativo,
para o exercício de 1999, poderá ser iniciada sem que tenham sido concluídas
todas as obras listadas pelo mesmo para o exercício de 1997/98”.
Ora,
essa história de fazer Orçamento Participativo, e é tudo o quanto falo nesta
tribuna quando se fala em números, é para serem enganados.
Nós
líamos, na Gazeta Mercantil, recentemente, que das obras listadas para 1997,
52% não haviam sido iniciadas naquele ano, e com as de 1998 é a mesma coisa.
Então, estamos querendo apenas que, se a população se reuniu, decidiu,
orçamentou, participou, que seja respeitada. A nossa proposta é extremamente
singela: façam-se as obras listadas no Orçamento Participativo e, depois,
comecem outras obras, também listadas no Orçamento Participativo, para que a
população não seja ludibriada. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antônio Losada está com a palavra
para discutir o PLE nº 035/98.
O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós
acompanhamos, nas comunidades, nas vilas, a discussão da peça orçamentária, os
seus valores, a sua destinação. E essas comunidades que participaram
intensamente das discussões relativas à destinação de verbas, às suas
prioridades, estão numa expectativa muito grande para 1999 de que as obras ali
discutidas, demandadas sejam executadas, e que esta Câmara de Vereadores aprove
o Orçamento enviado pelo Executivo.
Muitas
das emendas têm o objetivo de reduzir a verba destinada à pavimentação e
condicionar a pavimentação, a obras em determinadas vias. A discussão do
Orçamento que se dá nas comunidades é uma discussão exaustiva, que demanda de
anos. Hoje, em Porto Alegre, temos necessidade de mais de 500 quilômetros de
pavimentação. Nos últimos dois anos a Administração conseguiu, através de
discussões e debates no Orçamento Participativo, priorizar determinadas obras,
entretanto, ainda faltam 500 quilômetros de chão batido para serem pavimentados
e receberem toda infra-estrutura, para facilitar o trânsito, o transporte,
enfim, a mobilização das pessoas das nossas comunidades, que precisam receber
esta pavimentação em benefício da qualidade de vida da nossa cidade.
Mexer
nessa peça orçamentária significa reduzir a capacidade do Município de investir
em nossa periferia, de investir nos bairros que estão numa expectativa muito
grande de receber esses benefícios. Além disso, essa discussão já passou por
essas comunidades, e temos certeza de que o conjunto das bancadas desta Casa,
que os Vereadores, sem dúvida, têm um compromisso muito grande com a qualidade
de vida nesta Cidade e com as obras que essas comunidades priorizaram:
pavimentação, saneamento básico, iluminação pública, educação, saúde. A
expectativa é muito grande, pois o processo de discussão e de priorização
dessas obras foi longo. Não é um processo do último período, Ver. João Dib, é
um processo que vem sendo discutido desde o momento em que se instalou a
Administração Popular em Porto Alegre.
Muitas
vezes, nos discursos, tem se dito que as obras não são cumpridas, que muitas
delas são escolhidas pelo Executivo, que apenas algumas são priorizadas. Essa
hierarquização das obras é feita pela comunidade. A Prefeitura não tem
capacidade financeira para resolver todas as necessidades de nossa Cidade,
então, para escolher as obras a serem feitas, o critério é o Orçamento
Participativo, cujas prioridades são estabelecidas pela comunidade. Portanto, a
nossa expectativa, a expectativa da comunidade é que o Orçamento seja aprovado
na sua íntegra. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra
para discutir o PLE nº 035/98.
O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu
gostaria de discutir essas quinze emendas - eram treze, mas foram apresentadas
mais duas -, que, naturalmente, são diferentes entre si, mas algumas delas
guardam uma grande semelhança, especialmente as emendas assinadas pelo Ver.
João Carlos Nedel. Todas elas tiram recursos da Secretaria de Obras e da
rubrica de construção e pavimentação de vias urbanas para transferir para uma
determinada rua ou logradouro.
Na
verdade, o que estamos votando, com essas Emendas, é tirar de um programa que é
consagrado na Cidade de Porto Alegre, que é a pavimentação comunitária, onde
constam as ruas que serão beneficiadas por esse programa, decididas pelas
comunidades. Nós estamos tirando recursos desse programa para definir uma ou
outra rua, definida pelo Ver. João Carlos Nedel e pela maioria da Câmara, se
essa Emenda for aprovada.
É
natural que essa discussão sempre venha na forma de que essa é uma prerrogativa
constitucional do Vereador e de que, com isso, o Vereador estaria sendo
subtraído da sua prerrogativa constitucional, se não puder fazer. E mais do que
fazer uma Emenda ou duas, na verdade, compor o conjunto do orçamento por um
critério muito particular de cada Vereador, pois cada um terá o seu critério,
que para si será o bom senso, ou seja, as ruas que eu conheço, as ruas das
pessoas que chegam no meu gabinete, as ruas nas quais eu passo, enfim, sempre
vai haver um critério, e pelos critérios daqueles cidadãos, Vereador ou
Vereadora, vai ser um critério justo, não quero nem discutir essa questão.
O
que se trata é de se defender, ao nosso juízo, o Orçamento tal como veio,
naturalmente com os ajustes que precisam ser feitos e, aí, o papel
imprescindível e insubstituível dos Vereadores e Vereadoras, porque na forma
como foi constituído esse Orçamento, num longo, extenuante, cansativo processo
de discussão com as comunidades, o que se trata é de definir, para o orçamento,
que sempre é menor, naturalmente, do que as demandas e, infelizmente, tem
diminuído na sua possibilidade, porque o Governo Federal tem concentrado cada
vez mais recursos nas suas mãos, que tipo de critério vai se ter para as
prioridades de investimento de obras.
A
Prefeitura de Porto Alegre, há vários anos, desde a Administração Popular,
definiu por um dos critérios - há muitos possíveis, como coloquei no início -
que é chamar à participação direta os cidadãos para, exatamente, o Orçamento
deixar de ser uma caixa preta ou, pior do que isso, o Orçamento ser a
disposição, a vontade e o critério particular de um ou de outro cidadão ou
cidadã.
Aí,
portanto, Ver. Pedro Américo Leal, nós temos uma divergência de critérios para
a aplicação, construção e realização do Orçamento. Nós defendemos, há muito
tempo, legitimamente, sem sectarismos ou exclusivismos de razão, esse nosso
critério, o qual estabelece uma interação entre o Executivo, que tem o poder
constitucional de fazer o Orçamento, e a população organizada, que tem uma
demanda reprimida muito grande sempre maior do que as possibilidades
orçamentárias. Precisamos estabelecer um critério, e o critério é este, as
prioridades defendidas pela população.
Portanto,
ao nosso juízo, não é democrático que a oitava ou nona prioridade de um
Orçamento, discutido na comunidade, seja transformado em primeira, segunda,
terceira ou quarta para ser realizada em detrimento de uma outra que foi
produto de uma discussão ampla, coletiva e, muitas vezes, desgastante e de
disputa nas comunidades.
Não
é democrático, no nosso ponto de vista, que alguém, seja quem for, estabeleça
que a décima prioridade ou aquela que, sequer foi tratada como tal, vire a
primeira numa substituição autoritária das demandas discutidas de uma forma
bastante ampla. Essa é uma forma de raciocínio que nós queremos conferir
legitimidade e, a nosso juízo, tem demonstrado que é uma forma moderna e
adequada de administração pública, tanto é que têm sido expandidas cada vez
mais experiências, a respeito de Porto Alegre e de muitas outras diferentes
capitais, o interesse por ações que chamem a população a participar.
Em
qualquer lugar do planeta foi demonstrado que quando isso acontece, a eficácia
da administração pública aumenta, a responsabilidade do cidadão para com as
coisas públicas aumenta, portanto, isso é justo, é correto e devemos defender.
Defendemos a peça orçamentária tal como foi apresentada. Nós temos defendido e
apresentado 3,5% do Orçamento para o Legislativo, num limite de até 4%. Nunca
faltou suplementação quando necessária, inclusive, o Senador Esperidião Amin
apresentou uma proposta de Emenda Constitucional que já foi aprovada em
primeiro turno no Senado, limitando em 3% as transferências para os
legislativos municipais, do Orçamento das prefeituras. E a sua exposição de
motivos, a meu juízo, é uma peça de sobriedade política muito grande. Se vai
ser aprovado depois, não se sabe, mas, em primeiro turno, já foi aprovado, e me
parece que esse fato abre um debate importantíssimo.
O
Senador Esperidião Amin, que não faz parte do meu partido, como todos sabem, e
que é uma das principais lideranças políticas da Federação além de ser uma
pessoa experimentada na administração pública tanto em governo estadual como
municipal - foi Prefeito da Capital de Santa Catarina -, convenceu-se de que há
uma transferência, de que é preciso estabelecer um limite máximo, e assim por
diante.
Por
questões como essa nós não podemos aceitar ser tratados como sectários, ou
exclusivistas no sentido de que não aceitamos alterações. Não se trata disso;
trata-se de defender uma forma de realizar, e de um critério, pelo qual nós
devemos ser coerentes até o fim; caso contrário, nós não conseguiremos
gerenciar isso de uma forma adequada. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a
palavra para discutir o PLE nº 035/98.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esta é,
quem sabe, uma das mais importantes votações que esta Casa faz nesta
Legislatura. É lógico que votarmos - e eu penso que vamos votar – o II Plano
Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental este ano, será mais importante: dada
a sua abrangência e porque o Orçamento se vota todos os anos, e o Plano, não.
Por
outro lado, nós votamos uma lei que parece, às vezes, estar esquecida por
alguns Vereadores, que é a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Na Lei de
Diretrizes Orçamentárias, com muita discussão, com muita democracia, foi
aprovada e nós teríamos até 1,2% da receita corrente, não incluindo o SUS,
excluindo o SUS para a aplicação na área de comunicação social, na área de
divulgação, na área de processamento com a população.
Acontece
que o Ver. Antonio Hohlfeldt - eu não sei se ele tem convicção ou se é apenas
para marcar posição, acho que é para marcar posição - comete aqui vários
equívocos no mesmo ponto: primeiro, ele retira recursos da verba de publicidade
da Prefeitura reduzindo até em 0,2%. O que a Prefeitura fez? Seguindo a
orientação dos Vereadores, ouvindo os discursos do Ver. João Dib e dos demais,
tinha que diminuir as verbas para a publicidade. Em vez de ela colocar 1,2%,
ela colocou 0,66%, diminuiu praticamente pela metade a verba. Aí, vem o Ver.
Antonio Hohlfeldt - quando for Prefeito na Cidade, que poderá ser e vai ser o
primeiro a gritar, a fazer o maior escândalo quando vier uma Emenda desse tipo
- e o que é pior, ele pega esses 2 milhões e 880 mil e joga na verba para a
Câmara Municipal para pagamento de pessoal. Ora, vejam, a Câmara já tem um
Orçamento ajustado de acordo com as suas necessidades, ela não precisa mais de
dinheiro para pagar os seus servidores.
A
Câmara Municipal tem uma Lei de Diretrizes Orçamentárias, que diz que deve
fixar seu Orçamento no máximo até 4% e ela fez assim e ficou menos de 4%, como
já tem acontecido, via de regra, em várias gestões, de várias Presidências que
não coincidem com a nossa Presidência. São várias vezes que ela fica em torno
de 3,5%, 3,6% e por aí.
Para
concluir quero dizer que assim como o Ver. Antonio Hohlfeldt fez, nós vamos
passar dos 4%, ficará em torno dos 4,09% ou 4,1%, o que também é
inconstitucional, é ilegal. Então, nós queríamos encaminhar um último
argumento, que os Vereadores que dão sustentação ao Governo Federal sabem
disso, dão sustentação através do Governador eleito de Santa Catarina,
Espiridião Amim, que fez uma emenda no Congresso Nacional, onde coloca que as
cidades com população acima de um milhão terão que restringir as verbas para a
área legislativa para, no máximo, 3%. O que para nós vai ser um problema,
porque a Câmara gasta mais de 3%. Mas, temos que pensar que aqui foram feitas
muitas obras, isso entra no valor. Nós já estamos, graças às gestões dos
últimos anos e a todos os esforços, concluindo as obras mais caras da Câmara.
Então, não precisamos de mais recursos além do que está previsto, que não são
3%, que seriam 11 milhões e 904 mil reais, são 19 milhões e 665 mil reais que
estão previstos. Com a emenda do Ver. Antonio Hohlfeldt vai passar para um
valor de quase 23 milhões, mais do que
a LDO prevê. E diminuindo a cotação para publicidade, para verbas de
comunicação a 0,2%, o que é inviável.
Que
tipo de negociação podemos confiar em fazer, aqui, na Câmara, se durante a LDO
chegamos, à exaustão, a um número de 1,2% no máximo. Nós que somos da Comissão
de Finanças e Orçamento, junto com o Ver. João Dib, o Ver. Adeli Sell, o Ver.
João Carlos Nedel, o Ver. Pedro Américo Leal chegamos a conclusão de que nem a
emenda do Ver. João Dib deveria ser aprovada, porque limitaria, pois é uma
emenda que coloca em 0,6%.
A
Prefeitura, ouvindo o discurso reiterado, aqui da Câmara, principalmente do
Ver. João Dib e outros, levou a coisa a sério e fez 0,66%.
Então,
acho que o que o Ver. Antonio Hohlfeldt está fazendo não é uma atitude digna de
aceitar. Ele faz, tem direito de fazer, respeito. Só que ele está fazendo um
proselitismo em cima de algo sério. E como vamos nos comunicar com a população
com 0,2%? E como é que a Câmara vai ter mais verba do que ela pode ter? A
emenda deveria ser rejeitada por esses motivos e também pelos motivos políticos
que foram aqui acordados na LDO. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Ver.ª Anamaria Negroni solicita
Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje.
(Obs.:
Foi aprovado Requerimento de licença da Ver.ª Anamaria Negroni, e dada posse ao
Suplente, conforme consta na Ata.)
O
Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra para discutir o PLE nº 035/98.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós
estamos em um momento importante, da maior relevância para todos nós
Vereadores, que é a aprovação do Orçamento Centralizado do Município de Porto
Alegre. E sempre surgem dúvidas, preocupações. E depois que aprovarmos esse
orçamento, Senhores, que vamos acabar por aprová-lo, vamos andar pelas ruas de
Porto Alegre, vamos ver escrito em todas as placas que o Executivo Municipal
colocar: “Aprovado pelo Orçamento Participativo”. Não pela Câmara de
Vereadores, mas pelo Orçamento Participativo.
Eu
até estou entrando com um Projeto de Lei que obriga o Governo Municipal a fazer
constar em todas as placas públicas: “Aprovado pela Câmara de Vereadores de
Porto Alegre”. Porque, todas as obras que forem aprovadas pelo Município terão
que ser aprovadas pela Câmara, estão dentro do Orçamento que vamos votar.
Nenhuma obra, nada que o Município fizer durante o ano de 1999, poderá ser
feito se não for aprovado pela Câmara Municipal de Porto Alegre. Então,
qualquer obra realizada em Porto Alegre sai da aprovação do Poder Legislativo.
Não me importa que o Governo Municipal, de repente, queira colocar nas suas
placas “Aprovado pelo Orçamento Participativo” - é a sua estrutura, é o seu
mecanismo político. Respeito. Mas, vai ter que fazer constar, se vier a ser
aprovado por esta Casa, “Aprovado pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre”.
O Sr. João Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Jocelin
Azambuja, a Emenda nº 11, por mim proposta, é extremamente simples. Quero que
as obras do Orçamento Participativo sejam realizadas, não estou cortando
nenhuma obra. Apenas as que foram prometidas, que levaram a população a se
reunir, discutir, listar, que sejam realizadas. Não estou tirando nenhum
centavo.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Correto, não temos nenhuma objeção.
Fizeram as reuniões do Orçamento Participativo, está aprovado. Só que pelo
Projeto de Lei que estou dando entrada nesta Casa, quero que conste em todas as
placas: “Governo Municipal de Porto Alegre. Obra aprovada pela Câmara de
Vereadores de Porto Alegre”. É obrigação, é a Câmara que aprova o Orçamento, e
se assim não for, as obras de Porto Alegre não poderão ser executadas e o
governo fica engessado. E não é isso que se quer. O Poder Legislativo quer dar
condições para que o Executivo cumpra a sua missão, faça o seu trabalho o
melhor possível, só que não podemos, jamais, passar para a opinião pública que
o Poder Legislativo não aprova aquilo que é feito pelo Poder Executivo. Tudo
que o Poder Executivo faz depende do Poder Legislativo, e para isso são criados
os poderes constitucionais. Lógico que é bom ouvir as comunidades, as
associações de moradores, mas, quem decide sobre o Orçamento são os Vereadores
eleitos, e isso vai ter que constar nas placas. É nesse sentido.
(Aparte anti-regimental do
Ver. Pedro Américo Leal: Que conste “aprovada pelo Poder Legislativo de Porto
Alegre”.)
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: A proposição que estou encaminhando é
que, em todas as placas, conste aprovada pela Câmara Municipal de Porto Alegre.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra para discutir o PLE nº 035/98.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos
discutindo o Orçamento do Executivo Municipal. Estranhamente, meus
antecessores, do partido que é do governo, vieram a esta tribuna apelar para
que os Senhores Vereadores aprovem essa peça orçamentária para 1999, tal como
veio do Executivo Municipal, sem nenhuma emenda, pois as mesmas já foram
rejeitaram nas Comissões. É estranho. Será que o Executivo Municipal é tão
perfeito que ninguém pode emendar, ou corrigir, ou justificar, ou complementar,
ou adequar o Orçamento a outras necessidades senão àquelas que somente a sua
miopia enxerga? Não acredito. Será que 33 Vereadores não são capazes de fazer
uma emenda que melhore essa peça orçamentária? Parece que temos, no Paço
Municipal, a perfeição, a infalibilidade que nada pode ser aperfeiçoado.
Pois
vemos aqui, na realidade, um grande ranço. As emendas foram apresentadas,
inclusive apresentei algumas delas, algumas foram aprovadas pelo Orçamento
Participativo, mas não priorizadas pelo Conselho do Orçamento, e a comunidade
ficou a ver navios com as suas demandas, desde 1996, não atendidas, não
respondidas e vetadas pela Bancada do PT nesta Câmara. Assim coloquei uma
Emenda que pede a construção de um pontilhão, junto ao arroio do Salso, na Vila
Vale do Salso, lá na Restinga, sendo que mais de oitocentas pessoas que lá habitam
não têm acesso às suas moradias, não têm o direito de ir e vir, e o Prefeito
impede e quer que nós não façamos emendas. É uma brincadeira! Tem asfaltamento
comunitário lá na Restinga, na Chácara do Banco, no Barro Vermelho, que também
não foram atendidas, e o PT está vetando o Orçamento Participativo, Ver. Pedro
Américo Leal.
Engraçado,
falam tanto no Orçamento Participativo, e a Bancada do PT não está atendendo as
demandas desse Orçamento, objeto das emendas de demandas não atendidas no
Orçamento de 1996 para 1997 e deste ano para 1998. E o que é pior, a Lei de
Diretrizes Orçamentárias, aprovada nesta Câmara, previu a diretriz de
implantação do Fundo de Crédito Rotativo, do Fundo Educativo para financiar
universitários carentes de Porto Alegre. Pois o PT também vetou essa Emenda. O
engraçado e lamentável é que candidatos se elegeram com a proposta clara de
defender o Crédito Educativo e, agora, vetam.
Engraçado,
Ver. Pedro Américo Leal, terminou a eleição, se elegem sob a bandeira do
Crédito Educativo e, aqui, vetam as verbas para o Crédito Educativo. Não dá
para entender a infalibilidade do PT e o não atendimento às reivindicações do
Orçamento Participativo que eles tanto dizem defender e que, na hora de votar,
votam contra o Orçamento Participativo. Não dá para entender. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para discutir o PLE nº 035/98.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este é
um momento importante dos Legislativos, quando eles votam os seus Orçamentos,
autorizando a despesa e as receitas públicas que são, indiscutivelmente, o
esforço da comunidade através dos ingressos públicos.
Tem-se
feito um debate em torno do Orçamento Participativo, e eu gostaria de dar a
minha opinião, sobre o Orçamento Participativo, Ver. Pedro Américo Leal. Eu
diria que é uma organização não-governamental e de caráter meramente opinativo
ao Executivo. O Executivo poderia, como adotou o Orçamento Participativo, ter
adotado um outro critério a sua discricionariedade. Então, esta discussão
direcionada ao Orçamento Participativo, achando que o Orçamento Participativo é
uma democracia participativa também não é verdade. A democracia participativa
está na Constituição, mas de forma muito exígua, é quando permite que as
populações possam encaminhar projetos de lei. Aí, se dá a democracia
participativa.
Penso
que é correto o que faz o Governo Municipal porque, Ver. Pedro Américo Leal,
quem melhor do que as pessoas moradoras da comunidade para dizer das suas
necessidades? Reúnem-se e levam ao Executivo as sua postulações. Isso é de
ordem discricionária do Executivo, ele poderia adotar outros critérios, como
poder atender “in totum” as reivindicações do Orçamento Participativo, mas não
o faz, porque é dele essa competência. Essa competência ele recebeu por ter
sido escolhido o Prefeito e por ter a iniciativa do Orçamento.
Veja,
V. Ex.ª, que este debate contra o Orçamento Participativo, na minha opinião,
não é inteligente, porque se pretende colocar o Orçamento Participativo com as
atribuições da Câmara. Penso que são questões diferentes. O Executivo busca no
Orçamento Participativo informações para endereçar esse ou aquele investimento
e o faz segundo os seus critérios, segundo as suas disponibilidades e segundo a
sua discricionariedade.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Também sou favorável ao Orçamento Participativo desde o momento que
ele seja observado e julgado como parte do Poder Executivo. Essa pretensão das
esquerdas de quererem transformar os poderes em Poder Executivo, Poder
Judiciário e Poder Participativo. V. Ex.ª não tenha dúvida, eles pretendem
mudar o grande teorema, o grande Triunvirato de Montesquieu, de tal maneira que
surja no lugar do Poder Legislativo o Poder Comparativo. Isto, não conseguirão
comigo vivo.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Podemos, Ver. Pedro Américo Leal, e a
tendência é de se avançar para a democracia participativa que, na verdade, não
existe. É bom que se diga, o espaço da democracia participativa na organização
político-administrativa brasileira é muito estreita. Onde é que reflete a
democracia participativa? É quando à população é permitido a iniciativa de
leis, por exemplo.
Eu
acho que o Orçamento Participativo é um método que usa o Executivo, no que me
afigura, corretamente, porque ele vai lá, onde os problemas ocorrem, saber,
efetivamente, das necessidades daquela população. Ele avoca, evidentemente, a
si o patrocínio de atender esta ou aquela demanda, porque ele tem a responsabilidade
maior e a competência, Ver. Renato Guimarães, para decidir. Então eu não vejo o
porquê dessa luta contra o Orçamento Participativo.
Quero
dizer que isso em nada interfere nas relações institucionais, nas relações
legais e institucionais da Câmara Municipal. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, não existe mais
Vereador inscrito, portanto, damos por encerrada a discussão do Projeto.
O
Projeto será votado com as Emendas que tiveram o Parecer pela aprovação, nos
termos do art. 120, inciso VI, do Regimento, sem prejuízo, é claro, dos
destaques. Os destaques serão encaminhados e votados em separados.
Coloco
em votação o Projeto com as emendas que receberam parecer pela aprovação e não
foram destacadas.
O SR. HENRIQUE FONTANA: Solicito que a Presidência esclareça ao
Plenário quais as Emendas que têm Parecer favorável e que, portanto, nós
estaríamos votando junto com o Projeto, ou que estejam sem destaque, mesmo as
favoráveis.
O SR. PRESIDENTE: Solicito que o Sr. Secretário faça a
leitura do número das Emendas aprovadas pelo Parecer.
O SR. 1º SECRETÁRIO: Emendas com Parecer pela rejeição, que
foram destacadas: 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10 e 11. Emendas pela
aprovação, que foram destacadas: 12 e 13. A Emenda 14 é pela rejeição do
Parecer e também foi destacada. Portanto, todas as Emendas apresentadas com
Parecer favorável ou Parecer contrário foram destacadas.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLE nº 035/98 com aquelas
Emendas com Parecer pela aprovação que não receberam destaques. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Constatamos
não haver mais quórum, damos por encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 18h34min.)
* * * * *